Nova vaga de seca prevê agravar situação da fome em alguns distritos de Moçambique

Mulher carrega alimentos distribuídos pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) aos deslocados da província de Cabo Delgado, na Escola Tribuna 21 de abril, na vila de Namapa, distrito de Erati, Nampula, Moçambique, a 27 de fevereiro de 2024.

Dados de agências humanitárias indicam que milhares de famílias estão a enfrentar fome em vários distritos

Moçambique poderá voltar a registar uma nova vaga de seca, agravando a situação de insegurança alimentar que já afeta milhares de famílias.

As previsões dos meteorologistas indicam que pelo menos seis distritos terão escassez de chuva na época chuvosa que inicia já em outubro.

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Nova vaga de seca prevê agravar situação da fome em alguns distritos de Moçambique

Depois de um ano de seca provocada pelo fenómeno climático El Niño, que colocou muitas famílias a depender de ajuda alimentar em vários distritos das províncias do Sul e Centro do país, as previsões para a próxima época chuvosa não são animadoras para algumas das zonas já vulneráveis.

Previsões dos Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) indicam que na primeira metade da época chuvosa, nomeadamente, de outubro a dezembro, os distritos de Magude, Mabalane, Chibuto (em Gaza), Chemba e Caia (Sofala) e Changara, em Tete, poderão ver as suas esperanças no campo, perdidas devido a mais uma vaga de seca.

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“Esta previsão aponta para uma época em que se pode registar períodos muito longos sem precipitação. É nessa senda que estamos a prever uma alta probabilidade de seca nalguns distritos do Sul e Centro do país”, disse Bernardino Nhantudo, climatologista do INAM.

Dados disponibilizados por agências humanitárias indicam que milhares de famílias estão a enfrentar fome em vários distritos.

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Nas províncias de Gaza, por exemplo, há relatos de que pelo menos seis mil famílias necessitam de assistência alimentar, na sequência de perda de culturas, por causa do fenómeno El Niño.

O Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural não confirma os números e realça que apesar da perda de culturas a situação não é tão grave, porque as famílias têm alternativas.


“A situação não é tão grave como Malawi e Zâmbia que tiveram uma seca severa. Nós tivemos redução nos rendimentos. Sem dúvidas que existe um grito dos produtores do sector familiar, mas eles têm alternativas como a cultura da mandioca e da batata doce que toleram esta questão da precipitação”, disse Hiten Shah, quadro da Direcção Nacional da Agricultura Familiar, falando à Voz da América em Maputo.

Enquanto a chuva reduz a esperança de produção alimentar em alguns distritos, noutros, será a chuva a ter os mesmos efeitos.

De acordo com Agostinho Vilankulo, técnico da direcção nacional de Gestão dos Recursos Hídricos a época chuvosa pode afetar mais de três milhões de pessoas até finais de Março e coloca em risco a perda de cerca de 400 mil hectares de diversas culturas.

O PAM diz que continuará à procura de ajuda para Moçambique.