O Departamento de Justiça dos Estados Unidos, equivalente a Ministério da Justiça, abriu caminho a que as declarações de impostos do antigo Presidente Donald Trump sejam abertos e divulgou um memorando que revela que o republicano pediu aos altos funcionários a dizerem, sem provas, que a vitória dele nas eleições de 3 de Novembro foi roubada.
Notas tomadas pelo procurador-geral adjunto em exercício, na altura, Richard Donoghue, em Dezembro, e divulgadas nesta sexta-feira, 30, pelo presidente do Comité de Supervisão e Reforma da Câmara dos Deputados mostram como o então Presidente procurava desesperadamente fazer com que o Departamento de Justiça intervisse no processo
Após a divulgação do documento, o Departamento abriu caminho para a Receita Federal (Finanças) entregar as declarações de impostos de Trump aos investigadores do Congresso, algo contra qual ele lutou sempre.
As notas detalham um telefonema de 27 de Dezembro em que Jeffrey Rosen, nomeado procurador-geral interino poucos dias antes, disse a Trump: "Entenda que o DOJ (Departamento de Justiça) não pode estalar os dedos e mudar o resultado da eleição”.
"Não espero que você faça isso", respondeu Trump, acrescentando: “Basta dizer que a eleição foi fraudulenta e deixe o resto comigo e os parlamentares r..”, numa referência aos parlamentares republicanos.
Na conversa, Trump repetidamente fez alegações falsas de que a eleição tinha sido fraudulenta.
"Vocês podem não estar acompanhando a internet como eu", disse Trump.
Rosen e Donoghue tentaram mostrar a Trump que os seus dados não eram correctos em muitos momentos da conversa.
"Estamos a fazer o nosso trabalho", lê-se nas notas.
"Muitas das informações que você tem são falsas”, concluiu um deles.
Parlamentares republicanos não reagiram ainda, mesmo questionados pela agência Reuters.
O Departamento de Justiça ordenou que o fisco entregue as declarações de impostos de Trump a um comité do Congresso da Câmara dos Representantes porque, segundo indicou, o painel invocou "razões suficientes" para solicitá-lo.
O Escritório de Assessoria Jurídica do Ministério reverteu o curso e declarou que tinha havia cometido um erro em 2019 quando concluiu que o pedido de impostos de Trump pelo comité da Câmara baseava-se num objectivo "hipócrita" destinado a expô-los ao público.
Com este posicionamento, os investigadores do Congresso poderão interrogar as principais testemunhas do processo e recolher evidências contra Trump.
No início desta semana, o Departamento de Justiça decidiu que, devido a "interesses legislativos convincentes", autorizar que seis ex-funcionários da Administração Trump interrogados pelo comité de supervisão da Câmara.