Do número de empresas existentes no mercado ao número de trabalhadores angolanos, a presença chinesa em Angola continua a ser dominada por várias indefinições e incertezas.
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Mais de vinte anos após o reforço da cooperação bilateral por conta da reconstrução nacional, a Embaixada chinesa promete agora uma rigorosa estatística, à semelhança do que diz a Câmara de Comércio e Indústria Angola/China.
Empresas chinesas operam na construção, comércio, agricultura, pescas e mais, e o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Angola/China, Luís Cupenala, considera insuficiente a estimativa de 400 companhias, incluindo as de direito angolano com capital chinês.
“Os números até hoje ainda não estão determinados, a Câmara gizou um programa para organizar o censo, há necessidade do registo de todas as empresas chinesas que operam em Angola, dos seus sectores da economia e sabermos quantos angolanos empregam”, disse o líder associativo, acrescentando que “o Governo angolano tem de adotar a estratégia de orientar as áreas onde estes futuros investimentos devem ser feitos”.
A operação “Trabalho Digno”, uma iniciativa da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, mostrou um pouco por todo o país a existência de empresas chinesas sem registo oficial, quando a inspecção detectou casos de maus-tratos aos funcionários.
O líder da Câmara optou por não comentar, mas lembrou que Angola tem órgãos de justiça.
“Angola é um país soberano, controla os quatro cantos do seu território, tem instituições como a Procuradoria e os tribunais. O que nós exigimos é que, seja chinês ou de outra nacionalidade, faça investimentos dentro dos marcos da lei”, afirmou Cupenãla.
O economista e analista político Alexandre Solombe assinala que um Governo não muito distante da bancarrota aceita com naturalidade o investimento chinês, ainda que, como salienta, a generalidade dos cidadãos comece a olhar com desconfianças para o modo de operar das companhias chinesas e da qualidade das suas obras.
“Eu começo a perceber que as pessoas manifestam uma certa aversão à presença chinesa, apesar de não ser culpa do seu Estado ou dos seus credores, neste caso através do crédito comercial”, disse.
“O tipo de projectos está em causa, os projectos deterioram-se de forma ruinosa, criando desgaste, diferente da era Eduardo dos Santos”, disse o especialista.
Já o empresário Edgar Oseias, que louva o investimento chinês, faltando entanto rigor na fiscalização e sugere mais acções no sector primário
“Os chineses fazem o que lhes é permitido fazer, houve uma comparação e posso dizer que o que eles fazem lá não fazem cá. Mas é salutar este aumento, até devíamos incentivá-los mais na agricultura, já que precisamos de técnicas”, disse a Oseias.
Aquele empresário assinala que “não se deve trabalhar só na infraestrutura, uma vez que a experiência mostrou que temos pecado na fiscalização dos serviços”.
Um alto funcionário da Embaixada chinesa em Luanda revelou à VOA que está a ser preparado um levantamento sobre o número de empresas, de trabalhadores e de outros dados estatísticos, garantindo que os resultados vão ser divulgados.
Dados disponíveis indicam que o investimento chinês em Angola anda em 24 mil milhões de dólares norte-americanos.