Uma fonte do governo nigeriano confirmou a presença de cidadãos da Grã-Bretanha, da África do Sul e da Ucrânia no nordeste da Nigéria para treinar soldados que lutam contra o grupo insurgente Boko Haram. A informação surge depois de relatos que afirmavam haver mercenários brancos na região, auxiliando os militares.
Your browser doesn’t support HTML5
A fonte do governo nigeriano confirmou haver assessores estrangeiros contratados juntamente com equipamentos militares comprados na África do Sul, Rússia e Ucrânia, como uma parte da sua estratégia ofensiva contra o Boko Haram.
A fonte que preferiu o anonimato, disse que a Nigéria comprou novos tanques de guerra, caminhões, equipamentos para construir pontes e aeronaves. Adiantou ainda que os estrangeiros estão armados e trabalham em Maiduguri - a capital do estado do Borno, atingido duramente pela campanha do grupo extremista para impor as leis islâmicas na região.
Numa entrevista na quarta-feira, o presidente Goodluck Jonathan disse ser necessária a ida de treinadores estrangeiros para o nordeste do país porque não houve tempo para treinar as tropas nigerianas antes de as ofensivas começarem.
“Nós compramos alguns desses equipamentos. E normalmente, quando se compra novos equipamentos, há que ter tempo para treinar a população local, para que esteja familiarizada com ele. E nós não tivemos esse luxo, por causa dos excessos do Boko Haram.”
A fonte do governo nigeriano afirmou ainda que que os assessores vão partir dentro de duas ou três semanas, mas outros poderão chegar quando forem comprados novos equipamentos.
Um porta-voz do Alto Comissariado Britânico disse não saber de quaisquer cidadãos no nordeste, mas que há soldados britânicos a ajudar os militares nigerianos. Ele se recusou a dizer em qual parte do país os assessores se encontram.
A Voz da América contactou por email as embaixadas da Rússia e da Ucrânica em Abuja, mas sem sucesso.
O embaixador sul-africano na Nigéria, Lulu Mnguni, disse que não ter conhecimento de nenhuma venda recente de material militar para a Nigéria, mas afirmou que, no passado, o governo da África do Sul vendeu armamentos à Nigéria.
Notícias de que tropas estrangeiras estavam em solo nigeriano coincidem com informações de que um ex-soldado sul-africano, que trabalhava como contratado militar, foi morto no nordeste. Um responsável do Departamento de Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul recusou-se a comentar o assunto.
A África do Sul, no entanto, disse estar pronta a enviar tropas para a Nigéria caso seja necessário.
David Zounmenou, pesquisador sénior no Instituto de Estudos sobre Segurança da África do Sul, diz que o facto de a Nigéria ter contratado soldados privados, mesmo que para treino, mostra os desafios de a Nigéria está a enfrentar no terreno.
“Eu acho que é mais discreto confiar numa companhia militar privada para fazer o trabalho, do que se envolver em qualquer acordo de ajuda oficial que pode ter também implicações políticas nas próximas eleições presidenciais.”
Mas Zounmenou avisa que a utilização de tais tropas pode gerar tensão no relacionamento entre o presidente Jonathan e os militares.
“Existem algumas mentes competentes dentro do exército nigeriano. Se tiverem oportunidade e recursos, elas podem ser capazes de fazer o trabalho. Eu acredito que ainda temos algumas unidades boas no exército nigeriano. E se eles forem deixados de lado e o governo passar a confiar em tropas estrangeiras para fazer o trabalho, acho que isso não será bem recebido.”
Goodluck Jonathan diz que espera expulsar o Boko Haram das cidades e aldeias nos Estados de Yoba e Adamawa, no nordeste do país, até a metade da próxima semana, e no estado do Borno, nas próximas três semanas.
Recorde-se que Jonathan é candidato à sua reeleição no acto que acontece a 28 de Março.