O Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou segunda-feira, 27, que um ataque aéreo na zona de Rafah, no sul de Gaza, que matou dezenas de palestinianos, não tinha como objetivo causar vítimas civis e será investigado.
"Em Rafah, já evacuámos cerca de 1 milhão de residentes não combatentes e, apesar do nosso maior esforço para não ferir os não combatentes, algo infelizmente correu tragicamente mal", disse Netanyahu num discurso no Parlamento, que foi interrompido por gritos dos deputados da oposição.
"Estamos a investigar o incidente e vamos chegar a conclusões, porque esta é a nossa política".
As declarações do primeiro-ministro israelita surgem depois de um ataque israelita em Rafah, na noite de domingo, 26, ter matado pelo menos 45 palestinianos e ferido dezenas, segundo as autoridades de Gaza.
O exército israelita declarou que a sua força aérea atingiu um complexo do Hamas em Rafah e que o ataque foi efectuado com "munições precisas e com base em informações precisas". O ataque atingiu o chefe do Estado-Maior do Hamas para a Cisjordânia e outro alto funcionário responsável pelos ataques mortais contra os israelitas.
Netanyahu também reiterou o seu compromisso de trazer de volta todos os reféns israelitas capturados pelo Hamas no ataque de 7 de outubro, mas foi interrompido por gritos de familiares dos reféns.
Condenação internacional
À medida que o dia nascia e o mundo assistia às imagens do ataque em Rafah - onde se incluem corpos carbonizados e corpos de crianças decapitadas -, vários líderes mundiais expressaram descontentamento. Testemunhas descreveram cenas de horror.
A agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos descreveu a stiuação como o inferno na terra.
Na Europa, o Presidente de França, Emmanuel Macron, disse hoje, 27, estar "indignado". "Estas operações têm de parar", afirmou. "Não há zonas seguras em Rafah para os civis palestinianos", afirmou Macron, que apelou "ao pleno respeito pelo direito internacional e a um cessar-fogo imediato.
Robert Habeck, vice-chanceler alemão, disse, numa entrevista à Deutsche Welle, que a ofensiva de Israel em Rafah é "incompatível com o direito internacional".
Fruto do ataque, o Ministério das Relações Exteriores do Catar disse, na segunda-feira, que os esforços para mediar um cessar-fogo e o retorno dos reféns mantidos em Gaza podem agora ser mais complicados.
União Europeia quer reativar missão civil em Rafah
A União Europeia (UE) concordou em reativar uma missão civil da UE em Rafah, uma cidade no sul da Faixa de Gaza, junto ao Egipto, mas disse que precisaria de acordos de todas as partes para avançar, declarou o chefe da política externa do bloco, Josep Borrell.
Durante a reunião mensal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, Josep Borrell acusou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de utilizar falsas alegações de antissemitismo contra o Tribunal Penal Internacional (TPI) para os seus próprios fins políticos.
O bloco está a considerar a possibilidade de reativar a Missão de Assistência Fronteiriça da União Europeia (EUBAM) em Rafah, que não está operacional desde 2007, quando o grupo militante islâmico palestiniano Hamas assumiu o controlo total de Gaza.
A passagem de Rafah é o principal ponto de entrada para a ajuda do Egipto e está encerrada desde que as forças israelitas assumiram o controlo do lado de Gaza, há quase três semanas.
"Deram-me luz verde, a luz verde política para reativar a EUBAM, a nossa missão em Rafah. Esta missão poderá desempenhar um papel útil no apoio à entrada e saída de pessoas em Gaza", afirmou Borrell aos jornalistas, após a reunião que contou também com a participação de ministros árabes.
"Mas isto tem de ser feito de acordo com a Autoridade Palestiniana, com os egípcios e, obviamente, com Israel", disse Borrell, acrescentando que o bloco iria preparar planos técnicos para já.
c/ Reuters