Economistas exigem transparência nos negócios entre Angola e China

Afirmam que a dívida externa e o petróleo podem estar hipotecados

O Governo chines diz que estar disponível em manter o apoio que tem dado ao processo de diversificação da economia angolana.

Wang Yi, ministro dos Negócios Estrangeiros daquele país que esteve em Angola durante o fim de semana,garante que Pequim não está preocupado com a divida que Angola tem, havendo inclusive na forja a intenção de se assinar um acordo de supressão de vistos entre os dois países.

Entretanto, economistas angolanos não acreditam muito na boa vontade do Executivo chinês e pedem ao Governo de Angola mais transparência na negociação.

Your browser doesn’t support HTML5

Dividas à China preocupam economistas mas não a China - 2:17

O economista Faustino Mumbica considera que a forma como a China investe em Angola é pouco transparente e pode levar a economia angolana a um colapso.

“Pode provocar instabilidade no país porque ninguém investe num país tanto dinheiro sem que para tal exija como contrapartida a parcimónia para a utilização destes recursos e amanhã venha a cobrar divida aos angolanos”, defende Mumbica para quem se o governo não fizer essa analise, “ainda que o barril ultrapasse os 100 dólares, em menos de 10 anos o que nos espera é o caos".

Sobre o acordo de supressão de vistos da forma como se pretende, só a China ganha acrescenta Mumbica.

O economista Filomeno Vieira Lopes diz não acreditar na boa vontade expressa pelo dirigente chines em relação à diversificação da economia angolana.

"Utilizar 56% das despesas do Estado para pagar a dívida, significa fazer uma dívida para pagar a dívida, o que pode colocar Angola numa armadilha de dívida externa, um dos principais factores do aprofundamento da pobreza”, diz Vieira Lopes, que defende que o Governo angolano “deve reescalonar a dívida, tornando-a mais longa sem aumentar o custo dele, o que não está reflectido no orçamento do Estado”.

Quem também diz não acreditar na boa vontade da China para com Angola é o deputado da UNITA e professor universitário Raul Danda que quer ver esclarecida a questão dos números das negociações entre Angola e China

"O que gostaríamos de saber do Presidente Joao Loureço o é o tamanho da dívida que Angola tem para com a China, o que, de algum modo, se torna um factor de desequilíbrio em termos económicos para Angola”, questiona Danda, lembrado que Angola “está cada vez mais dependente de um único recurso, o petróleo, e não sabemos quanto deste petróleo ainda serve para pagar a dívida e quanto serve para o desenvolvimento".