A Guiné-Bissau e o Senegal voltam, em Agosto, à mesa de negociações sobre a zona de partilha conjunta de recursos haliêuticos e pesqueiros entre os dois países.
Bissau e Dakar têm desenvolvido, ultimamente, várias reuniões técnicas para a redefinição do acordo que cria a Agência de Gestão e Cooperação da referida zona conjunta de exploração.
O acordo não agrada a muitos guineenses e algumas personalidades tornaram público um manifesto a pedir ao Presidente da República que mude o mesmo que, até agora, reserva 20 por cento dos recursos na área conjunta para a Guiné-Bissau e 80 por cento para o Senegal.
Francisca Vaz Turpim, activista cívica e antiga deputada da nação, é uma das guineenses à frente da iniciativa:
“Desde os anos de 1990, quando estávamos no Parlamento,na oposição, nunca vimos com bons olhos este acordo e achamos que agora chegou a altura de exercer o nosso direito de cidadania, incentivando todos os cidadãos da Guiné-Bissa, para que isso não volte a ser uma injustiça”, defendeu Turpin.
Mediante esta ofensiva cívica, Francisca Vaz Turpim, disse à VOA que o grupo vai contar com o Presidente da República neste esforço e sublinhou acreditar nos quadros guineenses para fazer valer os interesses do país.
“Acreditamos na Guiné-Bissau cada vez mais. Acreditamos na juventude e nos quadros guineenses. Acreditamos que a Guiné-Bissau vai conseguir reparar esta grade injustiça. Hoje achamos que estamos no direito de exigir os nossos direitos. Contamos, com o apoio da Sua Excelência Sr. Presidente da República, para ter em conta este nosso direito, como cidadãos, e este é o legado que deixamos para os nossos filhos, como guineenses”, acrescentou.
Numa entrevista recente ao jornal independente “O Democrata”, o antigo secretário-geral da Agência de Gestão e Cooperação da Zona Marítima de Exploração Conjunta entre o Senegal e a Guiné-Bissau, Júlio Baldé, manifestou o seu optimismo em como “estrategicamente, a Guiné-Bissau pode atingir 46 por cento nas negociações sobre a chave de partilha dos lucros provenientes da exploração conjunta de hidrocarbonetos com a vizinha República do Senegal”.
Como argumento, Baldé lembrou que, para a constituição da zona de exploração conjunta, cada país cedeu uma parcela do seu território, tendo assegurado, neste particular, que a Guiné-Bissau concedeu 46 por cento do seu território marítimo e o Senegal 54.
Aquele especialista disse ainda que “as autoridades guineenses podiam usar como critério de partilha dos lucros provenientes da exploração conjunta de hidrocarbonetos”.