Vinte e uma pessoas foram mortas e 116 foram feridas nas manifestações pós-eleitorais, nos últimos dois dias, em Nampula, norte de Moçambique, dizem as autoridades de saúde.
As manifestações foram a seguir ao anúncio, pelo Conselho Constitucional, na segunda-feira, 23, da vitória de Daniel Chapo e ao seu partido Frelimo, nas eleições presidenciais, legislativas e provinciais.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo PODEMOS, que ficou em segundo lugar, diz que a votação foi viciada, o que leva os apoiantes à rua, onde são confrontados pelas autoridades de segurança.
Veja Também UE pede "responsabilização" pelas mortes em MoçambiqueO diretor do Hospital Central de Nampula, Caximo Molina, disse que, nos últimos dias, “o Serviço de Urgência registou um aumento de entrada de doentes, sendo que o que nos chama atenção são 116 pacientes que vieram por ferimentos múltiplos e cada um deles relata que esteve nas manifestações”.
Molina disse que os ferimentos podem ser por balas e todas as pessoas foram atendidas, tendo 38 delas ficado internadas nos serviços de cirurgia, ortopedia e reanimação, com graves complicações.
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Dezassete pessoas chegaram ao hospital já sem vida. Outras quatro morreram logo à entrada, disse aquele médico.
Doação de sangue
Segundo Molina, a situação resultante de manifestações está a pressionar os serviços de saúde que tiveram que reforçar as equipas de ortopedistas e cirurgiões.
“O pessoal para responder está diminuindo. Por exemplo, ontem os nossos técnicos não tinham como chegar (ao hospital), então disponibilizamos três ambulâncias e pedimos (aos manifestantes) que os deixem passar”.
Por outro lado, disse Molina, “temos pacientes com múltiplas feridas e múltiplos sangramentos, então o nosso stock de sangue vai se ressentindo, pedimos que as pessoas de boa fé nos ajudem com doação de sangue, porque vamos necessitar.”