O Governo da província moçambicana de Nampula e o município da capital anunciaram um plano conjunto para reconstruir o centro de saúde e as duas esquadras vandalizadas no bairro de Namicopo durante os protestos pós-eleições em dezembro de 2024.
As obras devem começar nesta semana, mas ativista dos direitos humanos adverte que o Governo deve resolver os problemas que estão na base dos protestos, nomeadamente e defende o diálogo entre o Presidente da República e Venâncio Mondlane, que liderou os protestos.
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As obras do hospital de Namicopo poderão custar mais de três milhões de meticais, quase 47 mil dólares americanos, mas o seu apetrechamento vai ser assegurado pelo apoio de parceiros.
Apesar de para a reconstrução das esquadras não terem sido avançados valores, o Governo assegura que tudo voltará a funcionar.
No final da visita, realizada àquelas estruturas na quarta-feira, 5, o governador provincial classificou a destruição como um ato de extremismo violento, com objetivo de enfraquecer o Estado e recomendou um estudo para se saber as reais razões que levaram cidadãos a tal comportamento.
Para Eduardo Abdula, a destruição das infraestruturas ultrapassa qualquer diferença política, por isso disse que “não podemos dizer que este foi um ato de manifestação eleitoral, ultrapassa qualquer diferença política, começando por este edifício que era uma esquadra modelo, que tinha vedação, mas que foi toda deitada à baixo, as porta saqueadas , o sistema de água foi roubado”.
Veja Também Moçambique: Suspensão temporária da ajuda americana "obriga" país a usar seus próprios meiosEle disse que as obras começam nesta quinta-feira, 6, e que em relação ao centro de saúde, "também vamos construir, já fizemos levantamento e desse levantamento concluímos que vamos fazer uma obra profunda".
"Temos parceiros que vão nos acompanhar com o equipamento, mas muita coisa foi destruída, os portadores de HIV/SIDA são obrigados a andar muito porque os seus processos foram destruídos, crianças que precisam de assistência têm que andar para o primeiro de maio que acaba ficando congestionado”, concluiu Abdula.
Veja Também Ciclone deixa cinco mortos e mais de 36 mil pessoas afetadas em NampulaCom a destruição daquelas infraestruturas, Namicopo enfrenta desafios em relação aos cuidados médicos e segurança.
A residente Sarifa Atumane diz que mulheres e crianças estão a ser as mais afectadas com a situação.
Ela afirma que quando vão às outras unidades sanitárias sofrem para ser atendidos porque os profissionais de saúde alegam que “nós destruímos o nosso hospital”.
Diálogo
Amina Momade, outra residente, considera que “não valia a pena destruírem o hospital porque mesmo eles manifestando por suas razões, o serviço de saúde beneficia a todos, o Governo construiu para o povo”.
No entanto, o ativista de direitos humanos Gamito dos Santos alerta que focos de manifestações podem continuar enquanto o Governo ignorar o diálogo com o candidato presidencial derrotado Venâncio Mondlane e a polícia continuar a reprimir a população com Violência.
“Desde que se iniciaram as manifestações, eu nunca acordei em nenhum dia e não ouvi que alguma rua está bloqueada ou se está a queimar pneus, entao, isso dá a entender que as manifestações não pararam. E se continuarem a ignorar o diálogo com o Venâncio Mondlane, nós teremos manifestações, que vão continuar por muito tempo”, disse Gamito.
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Ele também aconselha as duas principais figuras políticas a virem "a público mostrar que os moçambicanos devem voltar a reconciliar-se”.
Na cidade de Nampula os manifestantes que alegam protestar contra os resultados de 9 de outubro do ano passado, queimaram esquadras de policia em diferentes bairros, salas de aulas, infraestruturas municipais e edifícios de particulares ligados ao comércio onde também saquearam diversos bens.