A vida do kudurista Nagrelha é uma demonstração e um exemplo de que se pode deixar a vida de marginal e do crime.
“ Com Nagrelha acreditei ser possível abandonar a vida de marginal e seguir a vida artística. Utilizar o microfone para o canto em vez da arma para matar”, disse Amorinho dos Lambas, amigo e conselheiro do artista falecido.
Esta foi aliás uma opinião muito ouvida no enterro do kudurista cujo funeral em Lunda que terminou em confrontos com a policia que casuaram feridos e destruição de propriedade.
A polícia dispersou com gás lacrimogéneo e balas de borracha, muitos populares que pretendiam quebrar o cordão de segurança para entrar no cemitério de Sant'Ana.
A população respondeu com pedras e garrafas à acção policial.
Em comunicado, a polícia afirmou que, "face à tentativa de invasão do cemitério, as forças policiais foram obrigadas a dispersar a multidão desordeira". Disse o director de operações do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, Lázaro Conceição, advertiu ainda que os agentes usaram apenas a "força mínima".
João Gaspar um dos participantes no funeral, criticou a actuação da polícia.
"A polícia decepcionou toda a gente. Não sabe trabalhar. Não tinha razão de ter pânico. As pessoas estavam emocionadas porque é o 'Nagrelha'. O Estado tinha que reservar lugar para a população", disse
"Nana", como era carinhosamente chamado pelos fãs, nasceu no Sambizanga, um distrito de Luanda com fama de zona de criminalidade. A sua ascensão à ribalta musical influenciou muitos jovens a cantarem e dançarem o Kuduro, um estilo de música urbana ainda marginalizado.
Ouça a reportagem aqui
Your browser doesn’t support HTML5