Na véspera da marcha contra a fraude eleitoral, Maputo deserta e com mais apelos ao diálogo

Veículos militar e da polícia patrulham a Avenida Joaquim Chissano defronte onde ocorreu o duplo homicídio de Elvino Dias e Paulo Guambe.

Um dia antes da marcha nacional convocada por Venâncio Mondlane, a cidade de Maputo, capital moçambicana, voltou a registar um fraco movimento de pessoas, com vários estabelecimentos comerciais e instituições publicas encerrados.

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Na véspera da marcha contra a fraude eleitoral, Maputo deserta e com mais apelos ao diálogo

Está instalado um clima de medo e de incerteza sobre o que vai acontecer no dia de amanhã, o que levou a novo encerramento total do comércio e funcionamento deficiente do sistema de transporte, enquanto nos bairros periféricos o clima de tensão continua presente.

Os principais edifícios como os do Banco de Moçambique, da rádio e televisão públicas, as avenidas que dão acesso à Presidência da República, Comissão Nacional de Eleições continuam fortemente guarnecidos, alguns dos quais com presença da polícia Militar.

A presença policial é também notável nos bairros periféricos.

Evitar banho de sangue

Este e outros factos levaram ao Bastonário da Ordem do Advogados, Carlos Martins, a conceder uma conferência de imprensa para alertar que a preocupação deve ser evitar um banho de sangue, nesta quinta-feira, 7.

“Existem todos condimentos para que haja um banho de sangue, amanhã, e nós como sociedade não devemos permitir isso. Nós entendemos que chegou a altura de apelarmos a sua excelência Presidente da Republica para convocar o Conselho de Estado no sentido de se aconselhar e e abrirem minhas de dialogo”, disse Martins.

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Quem também apelou ao diálogo e como estratégia para se evitar a violência foi o antigo presidente moçambicano, Joaquim Chissano, que sugeriu que “alguma leitura deve ser feita”.

“Há um nível de descontentamento que deve ser tido em conta”, disse Chissano. “ O nosso país é grande, a nossa população é jovem, há talentos em muitos participantes na política, tanto nos partidos antigos como nos partidos novos”.

Para ele, “há que aproveitar esses talentos”.

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Chissano realçou que “as eleições costumam ser períodos de aumento de conflitos, mas também podem servir para descobrir novos talentos para refletir de novo sobre o valor da unidade".

Em parte incerta continua Venâncio Mondlane, que voltou apelar a participação massiva na anunciada manifestação nacional contra os resultados das eleições gerais de 9 de Outubro, anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, dando deram vitória a Daniel Chapo e ao Partido Frelimo, com 70% dos votos.