Médicos moçambicanos acusam governo de perseguição e tentativa de limitar o seu direito à greve

Prof. Dr. Armindo Tiago, Ministro da Saúde, Moçambique

A greve que entrou hoje no seu quinto dia está a agudizar as relações entre os médicos e o Governo, com troca de críticas, no meio de intransigências de parte-a-parte.

O Governo, através do Ministro da Saúde, o também médico Armindo Tiago, diz que todos os grevistas estarão sujeitos a processos administrativos, a começar por marcação de faltas, com os respectivos efeitos no desconto salarial.

A Ordem dos Médicos diz que a posição do Governo atenta contra o seu direito constitucional a uma greve que consideram ser legítima.

"Não estamos a fazer nada de mal. Estamos apenas a exigir os nossos direitos, por via do único caminho que nos resta, perante a ineficácia do diálogo" disse Gilberto Manhiça, Bastonário da Ordem dos Médicos, em conferência de imprensa nesta sexta-feira.

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Médicos moçambicanos adiam greve

Num discurso proferido nesta quinta-feira (8) em Quelimane, o Presidente da República acusou os grevistas de agitadores, sacrificarem o povo e tentarem contaminar outras classes profissionais para a greve.

Os pronunciamentos de Filipe Nyusi não agradaram os médicos, com o bastonário a acusar o executivo de "diabolizar a classe e tentar manchar a sua imagem na opinião pública".

Enquanto a guerra prevalece, muitos pacientes continuam sem atendimento hospitalar e só no Hospital Central do Maputo, pelo menos, 30% dos Médicos são considerados faltosos por causa da greve.