Milhares de alunos poderão ficar este ano fora do sistema de ensino em Angola porque o crescimento da população não foi acompanhado do aumento das infraestruturas de ensino.
O ano lectivo começa a 21 de Fevereiro e estão escritos cerca de 10 milhões e 500 mil estudantes.
O Sindicato dos Professores (Sinprof) diz que alunos que terminam o ciclo primário não encontram vagas no ensino secundário.
Pais e encarregados denunciam que na maioria das vezes só há vaga quando há dinheiro.
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Linda Kanama, vendedora ambulante de 32 anos de idade e mãe de cinco filhos, diz que a sua primeira filha tem 13 anos e deve frequentar a 8ª. classe, o que não será possível por não ter dinheiro para pagar por uma vaga numa das escolas públicas.
“Nem sei o que vou fazer sem dinheiro”, lamenta Kanama, que é viúva, e que apela o Presidente da República para criação de mais salas de aulas.
“Que crie mais salas de aulas, nós pagamos as escolas com o dinheiro da zunga e não nos deixam vender”, sublinha.
Para Doroteia Diogo Albano, mãe de oito filhos com dois petizes com idade escolar para a segunda e terceira classes, diz que “nas escolas do Estado só existem vagas com dinheiro na mão”.
Entretanto, Guilherme Silva, presidente do Sinprof, afirma desconhecer a existência de professores envolvidos em venda de vagas, mas apela os pais e encarregados de educação “a denunciarem tal prática”.
Silva diz que a falta de vagas está relacionada com“o problema da falta de vagas”.
O ano lectivo em Angola tem início no próximo dia 21 e estão matriculados 10,5 milhões de estudantes no ensino geral, um aumento de 6 por cento.
O director do Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento de Educação, Manuel Afonso, acrescentou que daquele total, 875.723 crianças vão frequentar o pré-primário, 6.597.063 o primário, 932.412 o primeiro Ciclo do Ensino Secundário e 1.103.217 o segundo ciclo.
O sistema escolar tem 97.459 salas de aulas e 206.624 professores.