O mundo precisa de África dinâmica e dependente de si mesma, diz Obama

  • Amâncio Miguel

Presidente Obama

Obama reuniu-se com cerca de mil jovens da África subsaariana em Washington.

“Tocou-me bastante o facto de o Presidente, apesar do trabalho duro, não ter deixado de cuidar da família", diz Bernadino Gonçalves, de Cabo Verde.

Gonçalves é um dos cerca de mil que se encontraram, ontem, 3 de Agosto, em Washington, com o Presidente Barack Obama, no final do Programa de Bolsas da Iniciativa de Jovens Lideres Africanos (Yali, na sigla em Inglês).

O equilíbrio da vida como pai e esposo, e o comando de um país complexo como os Estados Unidos foi uma das questões que jovens representando 49 nações da Africa subsaariana colocaram a Obama.

Obama, que não escondeu o orgulho de ter criado filhas generosas, disse aos jovens que nos momentos altos da sua presidência sempre se recorda de que tem uma mulher e família maravilhosas.

“Temos que ser nós a mudar a nossa realidade”

E se tiver a sorte de viver por muito tempo, disse, a memória não será dominada pelos excelentes discursos dados na carreira política, mas pelos momentos de “mãos dadas com as minhas filhas”.

No encontro, Obama falou, entre outros assuntos, sobre os desafios e oportunidades que África tem, da politica internacional e da importância da educação e responsabilização no crescimento dos países.

Joelma, da Guiné-Bissau, diz que gostou do facto de Obama ter dito que “que não serão os Estados Unidos que irão mudar os nossos países, mas temos que ser nós a mudar a nossa realidade”.

A jovem considera o discurso de Obama inspirador e gostar de tê-lo perguntado se teria uma mensagem para os políticos da Guiné-Bissau, pois “estamos numa crise há quase um ano e isso é triste”.

Espero que lá em Cabo Verde os políticos acreditem nisso, sugere Hernidia Tavares.

“Somos mais fortes juntos”

O moçambicano João Alfândega gostou de ouvir Obama a falar sobre o facto de “muitas vezes os líderes (africanos) tentarem silenciar as criticas no lugar de resolver os problemas, e da importância de os países africanos terem um sector privado forte”.

Felisberto Manuel, de Angola, convenceu-se do carisma de Obama e da sua insistência na promoção da inclusão das mulheres na liderança.

“Foi a cereja em cima do bolo”, assim descreve a intervenção de Presidente Obama a são tomense Edinha Lima, que considera relevante o Presidente ter dito que “devemos pensar mais no que queremos fazer para a comunidade e não no que queremos ser (…) é isso que devemos levar para os nossos países.

Momad Mussagy, de Moçambique, conclui: “O mais importante que retive do Presidente Obama é que “somos mais fortes juntos”.

Yali não é apenas amor por África

Obama lançou o Yali há seis anos para apoiar a geração de jovens emergentes no empreendedorismo, activismo e gestão publica, através da academia, formação em liderança e criação de parcerias.

Até o ano passado, participavam no programa 500 jovens. Este ano, o numero duplicou.

Obama explicou aos participantes que o programa não deriva apenas do amor por África.

Segundo ele, “o mundo não será capaz de enfrentar as mudanças climáticas, terrorismo ou expandir os direitos da mulher – todas as questões que hoje enfrentamos globalmente - sem uma África dinâmica e dependente de si mesma, e mais do que isso dependente da crescente geração de novos lideres.