Centenas de mulheres em São Tomé e Príncipe vestiram-se de preto, nesta segunda feira, 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, como protesto contra a violência doméstica e o abuso sexual de menores no país.
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A iniciativa integra 10 associações de defesa das mulheres que criaram a Plataforma da Sociedade Civil Contra a Violência no Lar e Abuso Sexual de Crianças, que congratula-se com a discussão no Parlamento da legislação que agrava a pena de prisão para os crimes de abuso sexual de menores.
O "luto", representado na roupa das mulheres, invadiu a maioria das instituições públicas e privadas do país.
Veja Também Em todo o mundo, Covid-19 aumenta as dificuldades para as mulheres“É luto pelas centenas de crianças abusadas no nosso país perante a passividade de todos. É luto pelo medo que temos de podermos ser violentadas, tanto nós como as nossas crianças”, desabafa, Jéssica Neves, porta-voz da Plataforma que formalizou um pedido à Assembleia Nacional para que 12 de Maio seja institucionalizado como Dia Nacional de Prevenção e Combate a Violência Sexual.
“Foi nesse dia, em 2016, que três mulheres foram assassinadas no país. Uma adolescente estava a ser abusada pelo seu padrasto, a mãe denunciou-lhe e ele quando sobe matou a mulher e as suas duas filhas. Nós queremos que esta data fique assinalada”, frisa a porta-voz da Plataforma.
“Quebre o Silêncio, Chega de Abuso Sexual”, é o lema que esta iniciativa da sociedade civil pretende travar os crimes de violência sexual no país.
“Os dados oficiais de 2020 sobre os casos de violência doméstica e de abuso sexual de crianças são assustadores”, afirma Jéssica Neves, acrescentando que as mulheres são-tomenses são também vítimas de um outro tipo de violência que ainda é tabu na sociedade, a violência emocional.
“Muitos homens têm várias mulheres e nós temos que aceitar e sofrer caladas porque muitas de nós dependemos financeiramente deles”, sublinha.
A Plataforma da Sociedade Civil Contra a Violência Sexual em São Tomé e Príncipe vê com muita preocupação os estragos sociais e físicos provocados pelo abuso sexual de crianças e congratula-se com o agravamento da pena de prisão em discussão no parlamento.
“Muitas crianças abandonam a escolas e têm problemas no útero, tudo devido ao abuso sexual. Também sabemos que em muitos casos os abusadores são os padrastos e as mães até ficam do lado deles porque são dependentes economicamente”, lamentou Jéssica Neves, quem sublinha que nos últimos 11 meses a pandemia da Covid-19 agravou a situação económica de muitas mulheres são-tomenses.
“Muitas mulheres perderam o seu emprego. Nós somos as maiores vítimas da crise provocada pela Covid-19 em São Tomé e Príncipe”, conclui a porta-voz da Plataforma que promete lutar pelas mulheres no país.