Cobranças ilícitas nas maternidades das unidades sanitárias em Nampula, Moçambique, estão a comprometer a qualidade do atendimento materno-infantil e a “forçar” as grávidas a optarem por ter filhos na comunidade.
Algumas mulheres ouvidas pela VOA no Hospital Central de Nampula denunciaram o mau atendimento nas unidades sanitárias. Acusam ainda profissionais de cobrarem entre 500 e 2.000 meticais para realizar um parto.
Antónia Miguel e Elisabete Vasco, mães de sete e três filhos respectivamente, disseram que quando as mulheres vão ao hospital sem dinheiro correm, na maior parte das vezes, o risco de perder o bebé ou a sua própria vida porque as parteiras não lhes prestam a assistência necessária.
Por isso, apesar de também ser arriscado, as grávidas preferem ter filhos na comunidade.
Elisabete Vasco revela que que teve a sua última filha em casa por não ter dinheiro pagar as parteiras.
A chefe provincial de Saúde Materno-Infantil Isabel Vero reconhece a existência de trabalhadores que sujam o bom nome dos profissionais de saúde.
Vero garantiu estar a trabalhar para tentar identificar os profissionais que exigem dinheiro às pacientes para posterior penalização.
Para o efeito, aquela responsável apelou às mulheres e à população em geral a denunciar esses casos à Direção Provincial de Saúde.
As cobranças ilícitas nas maternidades em Nampula acontecem numa altura em que o país possui dados alarmantes em relação à mortalidade materno-infantil.
Estima-se que, actualmente, registam-se mais de 400 mortes em cada 100 mil nascimentos em Moçambique.
As principais causas de morte são a desnutrição, a falta de atendimento pré-natal e de planeamento familiar, para além do VIH SIDA.