Amâncio Miguel
As mulheres dos países africanos de língua portuguesa continuam com menos oportunidades de emprego comparativamente aos homens, indica um relatório divulgado hoje, 37, pela ONU Mulher.
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O documento intitulado "Progresso das Mulheres do Mundo 2015: Transformar Economias, Realizar Desejos" revela que em Angola, a taxa de participação laboral das mulheres decresceu, de 65,8%, em 1990, para 63,3% em 2013. Entre os homens, não houve mudança, continua nos 76%.
O relatório anota que o Governo angolano legislou pela equidade salarial entre as mulheres e os homens e contra a discriminação no recrutamento, mas ainda não tem leis contra o assédio sexual no emprego.
Em Moçambique, a taxa de participação laboral das mulheres mantém-se em 85%, enquanto a taxa masculina aumentou de 80,6% para 82,8%. Mas muitas mulheres estão em actividades não remuneradas e as que têm salário ganham muito menos que os homens pelo mesmo tipo de trabalho.
Graça Samo, activista dos direitos humanos, diz que reverter esse cenário está na agenda do movimento que coordena em Moçambique, a Marcha Mundial da Mulher.
Na Guiné-Bissau, a taxa de participação laboral das mulheres aumentou de 60% para 68,2%, superando a média da região subsaariana de 63,6%. A participação laboral dos homens mantem-se nos 78%.
Evolução semelhante regista-se também em São Tome e Príncipe, onde a taxa de participação laboral das mulheres subiu de 36,4% para 45,3%, enquanto que entre os homens aumentou de 76,4% para 77,8%. Mesmo assim, apenas um terço das posições de chefia no arquipélago são ocupados por mulheres.
Cabo Verde é o único que regista redução no acesso ao emprego entre os homens, de 85,3% para 83,7%. As mulheres registaram uma subida de 41,8% para 51,5%.
Maria Graça, empresaria cabo-verdiana, diz que tal facto deve-se ao investimento na educação
O Relatório da ONU Mulher, entidade das Nações Unidas que promove a igualdade da mulher, diz que no geral as mulheres continuam a realizar trabalhos pouco qualificados, com baixos salários e muitas vezes sem acesso a cuidados de saúde, água potável ou saneamento básico.
O documento recomenda medidas para reverter a situação, incluindo a redução da disparidade profissional e salarial entre homens e mulheres, o fortalecimento da segurança económica das mulheres ao longo da vida, a redução e redistribuição do trabalho doméstico e o investimento em serviços sociais.