Os dois principais partidos angolanos, MPLA, no poder, e UNITA, na oposição, ficaram empatados com 48 por cento dos votos expressos pelos eleitores nas urnas no passado dia 24 de agosto, com o líder do partido do “galo negro” a ter mais 422 votos que João Lourenço, presidente do MPLA e candidato a um segundo mandato.
A conclusão é do movimento cívico Mudei que apresentou nesta sexta-feira, 2, numa conferência de imprensa em Luanda, uma projecção a partir de uma contagem paralela dos resultados eleitorais, feita com o escrutínio de 437.651 votos, distribuídos por 13.226 assembleias de voto e de forma proporcional pelas 18 províncias para obter uma amostragem representativa.
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"Não podemos dizer que os resultados favoreceram o candidato A ou o candidato B, não existe essa vantagem, há um empate de 48%, há uma vantagenzinha que não é suficiente para tomarmos posição, excepto a de poder pôr em causa os dados oficiais", revelou o coordenador do movimento Luaty Beirão.
Veja Também Angola: Relatório conclui que imprensa pública alinhou-se ao MPLA durante campanha eleitoralNa projecção apresentada, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, tem uma pequena vantagem de 422 votos sobre o presidente do MPLA e candidato à sua sucessão, João Lourenço, com 205.252 votos contra 204.830.
Num extenso comunicado, em que denuncia muitas irregularidades, não só durante o dia da votação, o Mudei conclui "categoricamente que as eleições gerais de 24 de Agosto de 2022, não foram justas, nem transparentes e resultaram na perversão dos princípios que deve reger um Estado verdadeiramente democrático e de direito".
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Luaty enumerou, por exemplo, que muitas das actas, “ao contrário do que estipula a lei, não foram afixadas o que truncou um pouco a nossa capacidade de ir mais longe”, nas suas projecções, e foi mais longe ao afirmar que a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) "desrespeitou e atropelou todas as leis possíveis" ao não afixar as actas em todas as assembleias de voto.
Neste particular, ele aponta também que "a UNITA tem uma responsabilidade acrescida perante a sociedade", já que tem acesso a estes documentos, através dos delegados de lista.
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Publicação das actas
O também activista e rapper lembrou que o principal partido da oposição está a fazer uma contagem paralela e considerou ser “muito importante que apresentem os dados e as proporções das suas contagens".
Com recursos em curso no Tribunal Constitucional, Luaty Beirão garantiu que o movimento continuará a fazer o seu trabalho “desde que tenhamos mais actas, para que os 164 municípios estejam representados de forma proporcional e para que a amostragem seja representativa".
O coordenador do Mudei insistiu na apresentação das actas, dizendo que "se o resultado oficial é duvidoso" deve haver uma confrontação das actas.
Veja Também Eleições Angola: A "guerra dos números" entre o MPLA e a UNITAResultados oficiais e recusa da UNITA
Na segunda-feira, 29, a CNE divulgou os resultados finais, que deram ao MPLA a vitória, com 51,17%, enquanto a UNITA ficou com 43,95%.
Ontem, o presidente da UNITA, numa mensagem à nação, a partir da sede do partido em Viana, Luanda, afirmou que o seu partido e parceiros da Frente Patriótica Unida (FPU) não reconhecem os resultados definitivos publicados esta semana pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
Adalberto Costa Júnior afirmou "no dia 24 de agosto o povo mudou na mudança, pelo que a UNITA e seus parceiros da Frente Patriótica Unida não reconhecem os resultados definitivos publicados esta semana pela Comissão Nacional Eleitoral, porque estes não reflectem a verdade eleitoral".
O líder da UNITA espera que a CNE e o Tribunal Constitucional "desempenhem verdadeiramente as suas funções (...) Que a Comissão Nacional Eleitoral não se furte em confrontar as actas em sua posse com as cópias das actas dos partidos políticos".
A CASA-CE também recorreu ao TC.