Mudanças nas Forças Armadas Angolanas criam expectativas

Forças Armadas Angolanas

Observadores dizem ser melhor esperar para ver

As exonerações de cerca de duas dezenas de chefias militares e dos serviços de inteligência em Angola têm levantado muitas perguntas nos círculos políticos do país e também na imprensa internacional.

Questiona-se se são exonerações de rotina, normais para um novo Presidente, ou se reflectem uma estratégia de mudanças nas forças castrenses e da inteligência visando um novo estilo de trabalho.

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Mudanças nas Forças Armadas Angolanas criam expectativas - 2:09

Pergunta-se também se à semelhança de José Eduardo dos Santos, o novo inquilino da Cidade Alta quer nesses postos importantes gente da sua confiança para guardarem o seu consulado ou se João Lourenço pretende mesmo forças de segurança e de inteligência mais republicanas e condizentes com um Estado de Direito e democrático.

Lopo do Nascimento, "esperar para ver"

Lopo do Nascimento, antigo primeiro-ministro e histórico dirigente e militante do MPLA, diz conhecer bem o novo Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Angolanas, general António Egídio de Sousa Santos “Disciplina”.

“Não sei se vão dar golpe ou se vão cumprir, eu conheço Egídio de há muito tempo e é melhor esperar, vamos ainda dar mais um tempo para ver se vão se comportar bem”, comenta Nascimento.

Kamalata Numa quer tropas republicanas

Por seu lado, o general Abílio Kamalata Numa, ligado à UNITA, diz esperar que estas mudanças sejam realmente para uma tropa republicana e não para fins político-partidários.

“O mais importante é que estas mudanças convertam Angola num Estado mais republicano e não de interesses partidários”, sublinha Numa.

Rafael Marques, "novo CEMFAA não é consensual"

Outro analista, Rafael Marques lembra que a nomeação de Egídio de Sousa Santos não é consensual nos circulo militares.

“O Presidente tem poderes discricionários para fazer estas mudanças e penso que é normal que isto aconteça, no entanto vamos esperar, porque falando com os militares, a indicação do general Egídio de Sousa Santos não é pacífico entre os militares que querem uma reforma nas Forças Armadas”, esclarece o activista.

A saída do general Geraldo Sachipengo Nunda da liderança das Forças Armadas acontece depois de ter sido constituído arguido num caso de burla ao Estado, apesar de ter chegado à idade da reforma.