O Presidente egípcio, Hosni Mubarak, demitiu-se sexta-feira e foi substituído pelo Conselho Militar Supremo, a quem cabe conduzir o país a um regime democrático.
O anúncio dramático foi feito numa breve declaração do vice-presidente, Omar Suleiman, no Cairo. Em 10 segundos, desfizeram-se 30 anos de regime.
Permanece, por enquanto, considerável incerteza sobre o rumo que o país vai tomar, a solidez da futura democracia e até onde as aspirações de liberdade dos egípcios serão respeitadas.
O Presidente Barack Obama manifestou o apoio dos EUA a um Egipto que "nunca mais será o mesmo", exortando os militares a proceder a uma "transição credível" para um regime democrático.
Numa mesa redonda da Voz da América, vários participantes advertiram que a transição será complexa e alertaram para o possível enfraquecimento de outros regimes autoritários no Médio Oriente e África.
Participaram na mesa redonda (que pode ser ouvida clicando nas barras no início ou no fim deste texto), Paulo Gorjão (director do IPRIS, Lisboa), Reginaldo Silva (jornalista, Luanda), fernando Lima (jornalista, Maputo), Ludjero Coprreia (analista politica, Praia) e Carlos Graça (ex-primeiro-ministro, São Tomé).
O vice-presidente americano, Joe Biden, e o secretário-geral da ONU, Ban ki-Moon, em declarações muito semelhantes, exortaram os militares a incluirem toda a sociedade num diálogo conducente a uma "transição transparente, ordeira e pacífica, que responda aos legítimos anseios dos egípcios, que inclua eleições justas, livres e credíveis, conducentes ao estabelecimento atempado de um regime civil".
O antigo regime - 30 anos de ditadura e estado de emergência, eleições fraudulentas, sperseguições políticas e enriquecimento ilícito das elites, num país em que 40 milhões de pessoas vivem com menos de dois dólares por dia - não resistiu a 18 dias de protestos e 300 mortos.
Os primeiros sinais da queda de Mubarak foram visíveis ao ionício da tarde, após 24 horas de volte-faces dramáticos.
14:00 horas no Egipto – Uma fonte próxima do governo disse a Agência France Press que o presidente tinha abandonado a cidade do Cairo para um destino desconhecido.
14:50 – Os protestos ganharam amplitude com notícias da participação de mais de um milhão de pessoas em várias ciodades, mas com epicentro na Praça Tahrir. No Cairo, milhares de manifestantes iniciavam uma marcha em direcção ao Palácio presidencial e para a sede da televisão estatal.
15:03 – Uma fonte oficial confirmava que o presidente Moubarak chegou ao resort de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, onde possui um residência particular.
15:46 – A Televisão estatal egípcia anunciava que a presidência da república iria difundir um comunicado urgente e importante.
16:27 – Um alto responsável americano assegurava que a partida do presidente Mubarak era um passo positivo.
16:39 – O secretário-geral do partido no poder, Hossam Badrawi, recentemente nomeado para o cargo, anunciou a sua demissão.
17:03 – O vice-presidente Omar Suleiman anuncia a demissão do presidente Hosni Mubarak. Foi o momento alto do dia com os egípcios a exaltarem de alegria pela liberdade conquistada. Era o fim do regime que reinou durante 30 anos sob o Estado de Emergência.
Os egípcios voltaram assim a escrever a história, e no regresso a casa, no final dos festejos da revolução, fá-lo-ão com o sentimento de dever cumprido.
Oiça a mesa redonda da Voz da América sobre a revolução egípcia.