Milhares de raparigas moçambicanas são forçadas a encurtar a adolescência para entrar numa vida adulta, por causa de uniões prematuras e gravidezes precoces.
A situação mereceu reflexão, neste 11 de Outubro, Dia Internacional da Rapariga, tendo Marcela Njive, natural de Mossurize, na provincia de Manica, centro do país, partilhado a sua história.
Marcela saiu de um distrito pobre para um bairro sem muitas oportunidades, na capital. Vive no bairro Minguene, na periferia do município de Maputo.
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Ela abandonou a casa dos pais aos 16 anos, por conta de uma gravidez precoce.
Aos 19 anos de idade vende amendoim torrado nas ruas de Maputo, para ganhar a vida e alimentar a filha, cujo pai já perdeu o rasto. Olha para trás e não tem duvidas que não valeu a pena.
"Abandonei a casa dos meus pais, porque estava grávida. Eu não queria casar, mas fui obrigado" conta. "Não estava preparada para cuidar de uma gravidez, mas graças a Deus consegui sobreviver aos desafios" salienta.
Veja Também Moçambique: Activistas alertam ser precária a observação dos direitos humanos de menoresMarcela faz parte se cerca de metade de raparigas que tiveram filho antes da idade recomendável, grande parte das quais obrigadas a casar antes do tempo.
As gravidezes precoces e as uniőes prematuras constituem os principais desafios da rapariga, quer no campo, quer nas cidades moçambicanas.
As organizações da sociedade civil apontam as gravidezes precoces e as uniões prematuras, como dos principais problemas que comprometem o são desenvolvimento da rapariga.
A Primeira-dama, Isaura Nyusi, que lidera as campanhas para acabar com este problema, reconheceu, recentemente, que o assunto precisa ainda de muito trabalho.
"É necessário revermos as nossas normas sociais, cultura do silêncio para que os instrumentos, como o protocolo da SADC sobre o género e desenvolvimento sejam efectivos na protecção das vítimas" disse Nyusi.
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