A crise pós-eleitoral em Moçambique, com protestos contra o que a oposição chama de fraude eleitoral que se desembocaram agora em atos de vandalismo e fuga de presos, levam analistas políticos a fazerem leituras diferentes relativamente à transição do poder que está prevista para acontecer em janeiro.
Alguns acreditam que a transição será tranquila, mas outros alertam que se os lideres políticos não se reunirem, isso não vai ser possível.
Violentas manifestações caracterizadas por saques e destruições ocorrem um pouco por todo o país, havendo o receio de que isso possa colocar em causa a transição do poder, num cenário agravado pela fuga da cadeia de máxima segurança, de mais de 1.500 reclusos, muitos deles perigosos.
Veja Também António Guterres pede "solução pacífica" para crise em Moçambique e Brasil apela à contençãoO analista político Sebastião Cossa é da opinião que a transição do poder não vai ser pacifica e lembra que o próprio Presidente da República eleito, Daniel Chapo, ‘’está ciente disso, sendo por isso que ele se remeteu a um silencio absoluto’’.
‘’Como é que morrem mais de 100 pessoas em manifestações, num único dia e ele não diz absolutamente nada’’, interroga-se aquele analista, reiterando que a transição não vai ser tranquila.
Veja Também Mais de 250 mortos nas manifestações moçambicanas, diz Plataforma Eleitoral DecideLeitura diferente tem o também analista político Egidio Vaz, para quem a transição vai ser tranqüila, apesar das manifestações violentas, ‘’antevendo-se já o seu fim, na medida em que os cidadãos perceberam que os tumultos estão cada vez mais sendo insustentáveis e extravasam os limites daquilo que é a participação democrática’’.
Apelos têm sido feito no sentido de os lideres políticos se reunirem porque só isso é que pode fazer com que a transição seja pacifica.
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O analista político Fernando Lima destaca que na ausência de diálogo, a transição pode ser problemática, embora a tomada de posse do Presidente eleito possa ocorrer.
Lima refere que ‘’pode-se arranjar uma sala em algum lado para a tomada de posse, esse não é o problema, o que é importante é que a tomada de posse corresponda ao cessar da violência e a uma visão para o futuro’’.
Veja Também "Moçambicanos merecem eleições livres de violência e que reflitam a vontade do povo", dizem EUA que pedem paz e unidadePor seu turno, o analista político Dércio Alfazema defende que Moçambique precisa de uma serenidade para que a transição ocorra ‘’e avançar com linhas de diálogo, e o diálogo tem que caracterizar todo o mandato, porque os moçambicanos têm muitas questões pendentes e que é preciso debatê-las’’.
Recorde-se que, de acordo com a Plataforma Eleitoral Decide, 252 pessoas perderam a vida de 21 de outubro a 26 de dezembro na sequência de protestos, manifestações, atos de vanalismo e fugas de presos.
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Metade das mortes, 125, foram registadas de 23 a 26 de dezembro, 4.175 pessoas foram detidas, das quais 137 ao longo desta semana, e 569 pessoas foram baleadas, sendo que 224 apenas nesta semana.
A Comissão Nacional de Eleições e o Conselho Constitucional confirmaram os resultados das eleições gerais de 9 de outubro que deram vitória à Frelimo em todas as frentes.