Moçambique: Sem diálogo, sector de saúde pode colapsar

Foto de arquivo

O sector de saúde em Moçambique corre o risco de colapsar, na sequência da prorrogação da greve de profissionais, que não alcançam consenso na mesa das negociações com o Governo.

Milton Tatia, presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM), disse que, pela segunda vez, foi votada a continuação da paralisação iniciada a 10 de Julho, face ao extremar de posições do Governo.

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Moçambique: Sem diálogo, sector de saúde pode colapsar

“Queremos apelar aos nossos pacientes, à população, os que vivem o dia-a-dia dos hospitais a se juntar a nós. Sabemos que não têm coragem de falar, mas já demos o pontapé de saída”, disse Tatia.

Por outro lado, depois de terem anunciado, na sexta-feira, que se vão aliar aos médicos, profissionais de saúde, enfermeiros, anestesistas, serventes, motoristas, entre outros, iniciaram este domingo, 20, uma greve de 21 dias.

Passadas várias horas de debate com o Governo, no último sábado, estes profissionais decidiram prosseguir com a greve, mas com a prestação dos serviços mínimos, disse o presidente da Associação dos Profissionais de Saúde, Anselmo Muchave.

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“Se continuarmos com o braço de ferro de não querer ceder, podemos agravar, mas esperamos do governo abertura, porque o interesso é do povo”, disse Muchave.

Muchave disse ainda que “o povo tem medo de ir às unidades sanitárias, porque os enfermeiros e técnicos tratam mal? Por que é que tratam mal? Porque recebem mal?

Mediadores

Para pôr fim ao braço-de-ferro entre os profissionais de saúde e o Governo, a Ordem dos Médicos de Moçambique sugeriu a criação de um grupo de mediadores, composto por figuras de proa no país, tal é o caso de Dom Dinis Sengulane.

O executivo não anuiu a tal sugestão, mas Tatia diz que teve informação de existirem“ordens superiores sem rosto” no sentido de se afastar da função pública os lideres da Associação Médica.

“Se as ameaças se efectivarem, todos os serviços de saúde serão encerrados no país, incluindo os privados, em jeito de solidariedade”, disse Tatia.

Mas o mesmo Governo, através de um comunicado de imprensa, lamentou o facto de os médicos terem tomado a decisão de prorrogar a greve, apesar dos progressos alcançados na resolução das reivindicações.