Moçambique conseguiu reforçar a simpatia internacional para a sua luta contra o terrorismo no norte do país, tal como atestam os mais recentes elementos relativos a este fenómeno, dizem analistas.
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Os mesmos analistas, no entanto, consideram pequeno o orçamento aprovado pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para a sua intervenção em Cabo Delgado.
A SADC aprovou um orçamento de 12 milhões de dólares para a força a ser enviada a Moçambique, e nesta segunda-feira, 28, em Roma, Itália, a coligação global contra o Estado Islâmico aprovou a criação de um grupo de trabalho para a questão do terrorismo em África, com destaque para a região do Sahel e Moçambique.
Veja Também SADC aprova orçamento de 12 milhões de dólares para força a ser enviada para MoçambiqueO analista Adriano Nuvunga afirma que, com estes novos desenvolvimentos, o país conquista a simpatia internacional para a sua causa, realçando que "na verdade, essa simpatia sempre existiu, e foi, em certa medida, Moçambique que não esteve disponível para explorar essas ofertas da região e da comunidade internacional".
Orçamento reduzido
Nuvunga, que é também director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), anota que "o que está a acontecer neste momento é que Moçambique está a perceber, com mais clareza, que precisa de apoio internacional, e o orçamento aprovado pela SADC é pequeno, mas importante para ajudar o país a enfrentar o terrorismo em Cabo Delgado".
O jornalista Fernando Lima afirma, por seu turno, que Moçambique sempre teve apoio internacional, mas o país esteve reticente relativamente ao tipo de assistência que queria.
Lima destaca que houve várias críticas vindas quer da região, quer em termos mais globais, em relação à indefinição de Moçambique quanto ao tipo de ajuda que pretendia, "mas, claramente, a comunidade internacional achou que o país precisava mais do que treino e equipamento".
Veja Também Coligação contra Estado Islâmico cria grupo de trabalho para África e aponta situação em MoçambiqueEstas eram as duas questões que o país conseguia pôr em cima da mesa, porque, de acordo com aquele analista, "não queria qualquer papel de nenhuma força estrangeira em território moçambicano, e penso que esse aspecto agora está ultrapassado".
Problema global
Para o docente universitário Paulo Uache, a criação da força a ser enviada a Moçambique, mostra que já há aval para que essa força avance, o que é positivo para o país.
Mas o analista Borges Nhamirre considera que não se trata apenas de uma causa de Moçambique, "porque terrorismo é um fenómeno que afecta o mundo, e como se viu durante o ataque à vila de Palma, vários países sofreram, quer em termos de investimentos, quer em termos de cidadãos que lá trabalhavam".
"A intensificação dos ataques em Cabo Delgado chamou a atenção da comunidade internacional para, duma forma mais concreta, apoiar Moçambique a combater este mal", sublinha Nhamirre, também pesquisador do Centro de Integridade Pública (CIP).
Na sua opinião, a SADC não tem dinheiro para financiar a sua intervenção militar em Moçambique, e vai ter que pedí-lo a parceiros como Estados Unidos da América e União Europeia, entre outros.