Quatro mortos por decapitação e várias mulheres e raparigas raptadas é o balanço de um novo ataque atribuído ao grupo de insurgentes contra a aldeia Bengala 2, a poucos quilómetros da sede de Macomia, na província moçambicana Cabo Delegado, relataram à VOA neste domingo, 6, testemunhas e sobreviventes.
O grupo invadiu a aldeia a tiros, no inicio da noite de sábado, 5, e decapitou quatro pessoas, incluindo um motorista de camiões de carga que transportava material para a reconstrução da ponte sobre o rio Messalo.
Outro motorista continua desaparecido.
“Essa coisa (ataque) esta a piorar”, disse à VOA, Edgar Cesar, um morador local, que descreveu que os insurgentes recolheram várias pessoas na aldeia e nas machambas (campos agrícolas), onde estão escondidos, antes de decapitar parte deles.
“Eles raptaram mulheres e deixavam os homens”, acrescentou Edgar Cesar, que assistiu de um esconderijo a aldeia a queimar, depois de ser saqueada.
A área atacada faz parte do perímetro de segurança controlada pela força conjunta de Moçambique e da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral (SAMIM) em Macomia, o distrito que tem registado frequentes confrontos entre os rebeldes e as tropas estatais.
Os insurgentes “rebocaram (raptaram) as pessoas e depois atacaram e queimaram” a aldeia, contou à VOA outro morador de Macomia ao corroborar sobre o ataque.
“A guerra ainda existe” frisou, anotando que os jihadistas estão a matar com “a mesma crueldade que a do inicio da guerra”.
A Polícia e porta-voz do SAMIM não responderam ao pedido de comentário sobre o ataque.
Semana sangrenta
Quase três dias depois das autoridades moçambicanas anunciarem a morte de mais um líder dos insurgentes, o sétimo em dois meses, um grupo armado atacou na terça-feira (1) a ilha Matemo, no distrito de Ibo, matando três pessoas e destruindo com fogo o Centro de Saúde e várias palhotas.
Já na quarta-feira (2), uma pessoa morreu decapitada na comunidade Rafique, igualmente no distrito de Macomia, durante uma incursão do grupo localmente conhecido por al-shaabab.
A insurreição, com inspiração radical islâmica, irrompeu em 2017, deixando pelo menos 3.500 mortos e cerca de 820.000 desalojados. As tácticas brutais dos insurgentes - incluindo decapitações, raptos em massa, e o incendio de aldeias inteiras – abalam a região.