Nesta terça-feira, 1 de dezembro, será completado um ano da inauguração do Luís Vinho Skate Parque, um projecto social iniciado com fundos do fundador da Maputo Skate, Francisco Vinho, e apoiado pela Skate World Better e Wonder Around The World.
É no skate parque - localizado no bairro Khongolote, Quarteirão 89, nº 4413-A Matola - que mais de 150 crianças e jovens recebem aulas de skate e são incentivados a continuarem os estudos e a ter bom comportamento, explicou Vinho em entrevista à Voz da América. Eles também participam de uma variedade de atividades recreativas complementares, como Moda, Artesanato, Tecnologias, além de terem acesso a um espaço para fazerem os trabalhos da escola.
O Skate e Educação arrancou em janeiro deste ano e não demorou para que Vinho visse a diferença que a iniciativa estava fazendo no comportamento e na autoestima das crianças. "Há muita energia positiva e os jovens estão sempre motivados e evoluindo com o projeto". Há várias províncias em Moçambique que têm o interesse de implementar a prática do skate. Vinho disse que o preconceito contra o skatista ainda existe, mas a tendência é diminuir.
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Impacto da pandemia no projeto Skate e Educação
Antes da pandemia do coronavírus chegar a Moçambique, as crianças frequentavam o parque todos os dias da semana. No entanto, quando os números de casos com pessoas infectadas com o COVID-19 começaram a aumentar as atividades no skate parque tiveram que ser canceladas.
"Aqui no bairro as crianças não têm muita oportunidade para se divertir em casa. Não têm um PlayStation, um computador, internet. Estava muito difícil para as crianças ficarem em casa. Algumas já estavam a desviar-se".
Diante desta situação, o fundador da Maputo Skate teve a ideia de dar acesso à intenet ao redor do skate parque. Como havia vários grupos de jovens que se comunicavam pelo WhatsApp eles visitavam o parque, o que proporcionava a Vinho um canal de comunicação com os alunos.
Através do WhatsApp, Vinho partilhou com os jovens que estava a estudar e a acompanhar o que o governo estava decidindo como regra para poder reabrir o parque. Quando o governo liberou a reabertura, ele implementou o distanciamento social e o uso de máscaras, comprou um termômetro com a ajuda da comunidade, colou panfletos ao redor do bairro para alertar sobre os cuidados necessários para não contrair o COVID-19.
"Nós atendíamos de 30 a 40 crianças num intervalo de uma hora a duas horas. Depois da pandemia, começamos a atender seis crianças de uma em uma hora. Hoje atendemos dez. Agora estamos felizes porque a normalidade está a voltar".
Expectativa para 2021
Francisco Vinho revelou que a expectativa para o próximo ano é grande. Um dos motivos é o número de raparigas que aderiram ao projeto. Para se adaptar à nova demanda, ele designou as quintas-feiras só para elas usarem o skate parque. Além disso ele percebeu que seria importante começar a abordar temas como sexualidade, assédio, casamento prematuro e gravidez precoce. O resultado da ideia foi uma parceria com a modelo profissional Elizabete Elias, que agora dá aulas de moda no parque e fala sobre higiniene feminina e sexualidade.
"Com a introdução da moda mais raparigas querem fazer parte do projeto, e eu digo: tem que passar pelo skate."
Vinho contou que vai fechar o ano com a gala "Miss Modelo Maputo Skate," a qual será realizada no dia 19 de dezembro. Mas antes disso ele tem um campeonato de skate planeado para o dia 6 de dezembro, o qual será uma celebração de um ano da construção da pista.
O fundador da Maputo Skate disse que tem muita novidade e coisa boa vindo por aí como desafios de dança e mais galas de moda. Ele espera que em 2021 o número de alunos chegue a 250. Se a demanda continuar a aumentar, Vinho sabe terá que procurar por um lugar maior para acomodar as ideias modernas do projeto Skate e Educação. Ele conta com o apoio de todos para que o projeto continue a crescer e se desenvolver.