Dois anos depois da aprovação da Lei que proíbe as chamadas uniões prematuras, o país faz o balanço e os números não são animadores.
Segundo dados oficiais 48% das raparigas, o mesmo que quase uma em cada duas crianças nas zonas centro e norte estão neste tipo de relacionamento.
A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação diz que é preciso dar um basta.
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“Temos que trabalhar cada vez mais para acabar com este problema. Visitar crianças vítimas de uniões prematuras é uma experiência indescritível. Nas várias visitas que realizamos, só encontramos muita tristeza, dor e arrependimento”, disse Verónica Macamo num encontro que analisa os dois anos da lei contra casamentos prematuros.
Para Macamo, “temos que nos empenhar para acabar com situações de crianças que geram crianças.”
As províncias de Nampula, Cabo Delgado, Niassa e Manica, são consideradas as mais problemáticas, sendo aqui onde se exigem mais acções concretas.
Não basta legislar
“A experiência mostra que não basta legislar. É importante que haja um programa, um plano e uma vontade profunda de materializarmos o nosso compromisso pelo bem-estar da criança e da rapariga moçambicana. Esta empreitada deve acontecer em todas as esferas e em todas as frentes” destacou a ministra.
Organizações da sociedade civil dizem que o caminho continua longo e defendem mais acções para cortar o mal pela raiz.
A pesquisadora Raima Raja considera que a lei representa um passo importante, contudo, falta divulgação e conhecimento real por parte das comunidades.
Raja diz que a pobreza e, por vezes, a conivência dos progenitores, alegando costumes locais, são outras barreiras que precisam ser derrubadas para que a actual situação de crianças em uniões prematuras termine.