As eleições autárquicas de outubro em Moçambique terão um condão inovador, que é a participação de grupos de cidadãos, para além dos vários partidos políticos e coligações registados nos órgãos de administração eleitoral.
O Centro de Integridade Pública (CIP) apadrinhou varias associações de grupos de cidadãos, alguns das quais se inscreveram junto da Comissão Nacional de Eleições (CNE) para participarem no escrutínio de 11 de Outubro.
O pesquisador do CIP Ivan Mausse afirma que a participação desses grupos constitui um aspeto inovador na democracia moçambicana e vai fazer com que o processo eleitoral seja um momento de muita festa.
Mausse avança que num quadro em que não são apenas os partidos políticos que participam o nível de fiscalização e vigilância do próprio processo de votação será bastante elevado e mais apurado, "num ano que está sendo caraterizado por momentos nebulosos do ponto de vista económico, com atrasos no pagamento de salários e problemas na aplicação da Tabela Salarial Única".
"Muitos moçambicanos estão frustrados com a gestão política da Frelimo e isso fará com que tenhamos uma situação de voto sancionatorio porque se este partido perder em alguns círculos eleitorais será mesmo por causa de voto sancionatorio”, destaca.
Por seu lado, o analista político Gil Aníbal considera fundamental a participação das associações de grupos de cidadãos, sublinhando que tendo em conta que um dos principais problemas das eleições em Moçambique é a abstenção, é necessário que essas associações ajudem os órgãos eleitorais na mobilização dos potenciais eleitores.
Aníbal destaca uma situação em que a CNE projecta, por exemplo, 15 milhões de potenciais eleitores e 45 por cento destes, correspondentes a cerca de sete milhões de indivíduos, não votam, “e vai-se às eleições com oito milhões que são disputados por cerca de 50 partidos que existem em Moçambique, um país com 32 milhões de habitantes”.
Aquele analista político acrescenta que ’’qualquer partido que ganha neste tipo de contagem numérica é legitimado pelos órgãos eleitorais, mas pode encontrar uma resistência à sua governacão porque não tem legitimidade total, dado serem poucas as pessoas a legitimar para governar quase todos”.