Os partidos da oposição parlamentar exigem que o Governo moçambicano condene a invasão russa à Ucrânia, manifestando desta forma o seu alinhamento com a paz e não à guerra.
A posição foi expressa hoje durante a sessão parlamentar de perguntas ao Governo.
O presidente do MDM, Lutero Simango, que chefia a bancada do partido no parlamento, diz que a posição de neutralidade manifestada pelo Executivo não vincula o país, uma vez que foi à revelia dos legisladores.
Veja Também Ucrânia: Analistas dizem que abstenção de Maputo na ONU visou "não minar suas relações”"O Governo tomou a sua posição, unilateral, que não passou pelo Parlamento, como determina a sua política externa", acusou Simango, realçando que a sua bancada "condena a ofensiva russa".
Para a Renamo e o MDM, não faz sentido que um país que conhece as consequências da guerra fique em cima do muro, como o que está a acontecer e exige que o parlamento corrija a situação.
"Peço, em nome do povo, que esta casa (Parlamento) adopte uma moção de condenação à iniciativa de Vladimir Putin na Ucrânia", exortou António Muchanga, histórico deputado da Renamo.
Veja Também Sanções à Rússia já provocam impactos na economia moçambicanaAquele partido recorda mesmo que a neutralidade demonstrada, pode fragilizar a candidatura do país, a membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU.
Os posicionamentos foram vincados no dia em que o Governo esteve no Parlamento para a sessão de perguntas.
Sobre o assunto, o Governo entrou calado e saiu mudo e foi a bancada da Frelimo, através do deputado e porta-voz do partido, Caifadine Manasse, quem se encarregou de defender a posição do executivo.
"O Presidente Filipe Nyusi já se expressou sobre este assunto. Ademais, já houve muitas situações de conflito, nomeadamente, a invasão à Líbia, Palestina, República Árabe Saharaui Democrática, por aí, e nunca tivemos situações do parlamento levantar o assunto, nos moldes como hoje são trazidos", disse Manasse.
Refira-se que quando a resolução contra a invasão russa à Ucrânia foi votada na sessão das Nações Unidas, Moçambique fez parte dos países que se alinharam pela abstenção, não condenando, nem apoiando a acção de Moscovo.