Várias unidades sanitárias das províncias moçambicanas de Manica e Tete começaram a atingir um nível de alerta máximo com a adesão de mais médicos à greve, que teve início em Julho, deixando a população em situação de desespero.
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A classe contesta os cortes salariais com a aplicação da nova tabela e a falta de pagamento de horas extras, que, no entanto, o governo insiste em assegurar que já cumpriu.
Pelo menos 11 médicos que haviam desistido da greve na cidade de Tete voltaram a se mobilizar, aumentado para cerca de 25 profissionais da saúde a aderir à greve nos distritos de Tete, Zumbo, Angónia, Moatize e Mutarara.
“Estamos a ter uma situação quase que descontrolada ao nível da nossa província com a greve dos médicos”, disse o governador de Tete, Domingos Viola.
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O governante disse que a província estava a atravessar “momentos muito difíceis”, e que já havia “sobrecarga daqueles que estão a desempenhar as funções,” daíq ue os grevistas devem seguir por um diálogo sincero e honesto com o governo.
Governo insensível
Já em Manica, poucos dias depois da governadora Francisca Tomás ameaçar processar e desvincular os médicos grevistas com contratos precários, vários profissionais que cumpriam os serviços mínimos nem vários hospitais da cidade e distritos entraram em greve, esta semana, subindo o número de 20 para 26.
“Alguns (grevistas) médicos que estão no período probatório, significa que ainda não têm dois anos de trabalho no aparelho do Estado”, disse Tomás, anotando que vários desconhecem o caderno reivindicativo.
Entretanto, o analista político Sande Carmona aponta falhas de comunicação do Governo na interação com os médicos, que “não exigem benefícios individuais, mas sim as condições mínimas para salvar vidas”, e melhor servir a população.
“No mínimo o governo deveria estar do lado do médico, porque estar ao lado do médico é estar ao lado do povo”, que mais sofre com a greve, com a falta de assistência e esperas longas nos hospitais, disse Carmona. “Se estamos a marginalizar a classe que devia nos cuidar que são os médicos, então o que se esperar?”
A greve
“Eles (os dirigentes) têm tudo para irem a outros países para serem tratados, e nós, que não temos capacidade mesmo de sair de um distrito para um hospital provincial, como será?”, insistiu o também antigo deputado do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
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Os médicos moçambicanos iniciaram a 10 de julho a terceira fase da greve, por 21 dias.
A Associação Médica de Moçambique justificou a decisão de mais uma greve, após a suspensão de uma outra convocada em dezembro, com a ausência de resultados nos entendimentos alcançados com o Governo nas negociações.
A implementação da nova tabela salarial na função pública está a ser alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais, com destaque para os médicos, juízes e professores.