Os 28 deputados da Renamo e os oito do MDM não tomaram posse na Assembleia da República que deu início a uma nova legislatura, nesta segunda-feira, 13.
A decisão tinha sido anunciada no fim de semana pelo porta-voz da Renamo e do presidente do MDM que continuam a recusar os resultados das eleições de 9 de outubro.
Dos 250 deputados, tomaram posse 171 da Frelimo e 39 do Podemos, que informou que os demais o farão em breve.
Depois da posse, Margarida Talapa foi eleita Presidente da Assembleia da República com 169 votos, todos da Frelimo.
À saída do Parlamento, o Presidente da República eleito fez um apelo para a “necessidade de mantermos a paz, a estabilidade social, económica, política ao nível do nosso país, de forma que possamos continuar a desenvolver o nosso país".
Veja Também Ramaphosa disponível para ajudar Moçambique, mas não confirma presença na posse do PR"Espero uma excelente colaboração [com o novo parlamento]. Como sabem muito bem para além do partido Frelimo temos também o Podemos, vamos ter a Renamo, o MDM, todos estes partidos ou bancadas parlamentares representam os anseios dos moçambicanos. Daí que é muito importante haver um debate aberto, franco ao nível deste órgão", concluiu Chapo que toma posse como Chefe de Estado na quarta-feira, 15.
Por seu lado, o antigo Presidente Joaquim Chissano reconheceu que “há muitas coisas que não vão bem” e apelou ao diálogo, destacando o papel do Parlamento.
"Penso que há muita coisa a discutir, há muitas coisas que não estão bem no país, todos sabemos disso, então é preciso encontrar formas de encontrar soluções. Todo o debate deve ser à busca de soluções, recriminação, não recriminação são táticas, mas buscar soluções", disse Chissano à margem da cerimónia na Assembleia da República que, para ele, deve “discutir para encontrar as melhores soluções, melhores leis que possam ser bem executadas".
Veja Também Moçambique: Ausência de deputados e convocatória de manifestações ensombram início da legislaturaComo a Voz da América informou antes, o porta-voz da Renamo afirmou no domingo, 13, que a cerimónia de posse dos deputados “está desprovida de qualquer valor solene e constitui desrespeito à vontade dos moçambicanos, pelo que a Renamo não fará parte desta cerimónia” e sublinhou que “a vontade do povo passa necessariamente pela realização de eleições livres, justas e transparentes e não em eleições administrativas”.
Marciel Macome concluiu que “a Renamo não reconhece ninguém que tenha saído nestes resultados como Presidente da República”.
Veja Também Moçambique: Venâncio Mondlane convoca novos protestosPor sua vez, o presidente do MDM anunciou que a Comissão Política decidiu no sábado, 11, que os seus deputados não tomariam posse e que ontem informou os parlamentares da decisão.
"Sempre defendi que é preciso fazer uma auditoria forense ou recontagem [dos votos], ou em última hipótese anular as eleições", reafirmou Lutero Simango, cujo partido elegeu oito parlamentares.
Veja Também Frelimo apela à "paz" e marca sessão extraordinária do Comité Central para fevereiroFora do quadro parlamentar, o segundo candidato presidencial mais votado, Venâncio Mondlane, convocou "manifestações pacíficas" para 13, 14 e 15, coincidindo com a posse dos deputados e do Presidente da República.
"Temos de dar um sinal de que o povo é que manda e o povo é que está no poder", disse na sua página no Facebook, apelando a protestos sem violência, saques ou destruição de bens.
A posse do Presidente da República acontece na quarta-feira, 15, na presença de 2.500 convidados, mas desconhecem-se, por agora, os presidentes ou chefes de Governo que estarão no ato.