Em cerimónia pública e solene, com a presença dos Presidentes do Botswana, Mokgweetsi Masise, e do Zimbwabwe, Emerson Mnangagwa, da representante do secretário-geral da ONU, Cristina Duarte, entre outros dignitários nacionais e estrangeiros, o Governo e a Renamo oficializaram nesta sexta-feira, 23, o fim do desarmamento, Desmilitarização e Reintegração de antigos guerrilheiros (DDR), representando o cumprimento integral dos acordos de paz de Maputo, assinado há quatro anos.
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“Durante os últimos quatro anos procedemos ao desarmamento e desmilitarização com sucesso, de todos os antigos guerrilheiros da Renamo e encerramos um total de 16 bases”, disse o Presidente da República, Filipe Nyusi, no seu discurso de ocasião.
O Chefe de Estado destacou a colaboração entre as partes como tendo sido a chave para o sucesso do cumprimento do que fora acordado, contudo, frisou que ainda há um processo a ser seguido, para que o espírito e a letra, sejam efectivos.
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“Sabemos que ainda temos pela frente um longo caminho da reconciliação, talvez mais difícil, que vai exigir a compreensão de todos”, salientou Nyusi.
Personalidades presentes na cerimónia, destacaram o processo de paz moçambicano, como um exemplo para o mundo.
A representante do secretário-geral da ONU, António Guterres, Cristina Duarte, enfatizou que "Moçambique demonstrou que conflitos podem ser resolvidos pacificamente, por meio de um diálogo honesto, aberto e com inclusão política".
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Riscos prevalecentes
Por seu lado, o líder da Renamo, Ossufo Momade, destacou no seu discurso, o sucesso do DDR como resultado da vontade da paz por parte de todos os intervenientes, contudo, disse que a verdadeira paz só será possível, se afastados todos os problemas que ensombram os processos eleitorais no país.
Apesar de ter sido enterrado o machado de guerra, Momade disse que prevalecem problemas que se podem tornar em focos para novos conflitos, dando como exemplo, alegadas viciações registadas durante o recém terminado recenseamento eleitoral.
“As graves irregularidades do último recenseamento eleitoral que denunciamos e participamos, oficiosa e publicamente, às autoridades competentes não mereceram o devido provimento, o que indicia uma autêntica pólvora de conflitos”, alertou o líder da oposição.
“Se pretendemos uma página imaculada da nossa história, devemos afastar todos os vícios que retiram a credibilidade deste recenseamento eleitoral, em salvaguarda de eleições livres, justas e transparentes ", concluiu Momade.
Um dos assuntos que também era foco de tensão entre o Governo e a Renamo, eram as eleições distritais previstas para o próximo ano, contudo, o maior partido da oposição cedeu à vontade de Filipe Nyusi, e disse sim ao adiamento.