O partido no poder em Moçambique, Frelimo começou sexta-feira, 5, a reunião do Comité Central da Frelimo que, embora não tenha na agenda o debate sobre o candidato a Presidente da República nas eleições gerais de outubro, deverá indicar o caminho para a escolha do sucessor de Filipe Nyusi.
Na abertura da reunião, em Maputo, o próprio presidente da Frelimo e do país admitiu que o debate do "processo de escolha" do candidato à presidência "é prioridade" e apelou a discussões "sem receios, nem reservas".
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"Ao discutirmos a diretiva sobre a eleição de candidatos a deputados da Assembleia da República e a membros das assembleias provinciais será uma importante oportunidade para avaliarmos o funcionamento dos gabinetes eleitorais a diferentes níveis, incluindo o processo de escolha do candidato da Frelimo para as eleições de 9 de outubro, como prioridade", afirmou Filipe Nyusi.
A sessão realiza-se numa altura em que Samora Machel Junior é o único nome tornado público com a intenção de apresentar a pré-candidatura às próximas eleições.
O analista político Moisés Mabunda diz que não vai ser nesta sessão que será conhecido o candidato da Frelimo, porque este ponto não está na agenda da sessão e a sua inclusão vai ser objeto de debates e entendimentos. Chegando-se à conclusão de que se inclui, essa já é outra discussão: como incluí-lo e o que é que se vai discutir; vai-se discutir nomes, perfil, critérios e isso leva tempo’’.
O também analista político, Paul Fauvet, afirma que nesta sessão o Comité Central não vai, provavelmente, eleger o seu candidato à sucessão de Filipe Nyusi na presidência do partido e na corrida à chefia do estado e avança que tal poderá ocorrer em maio, numa sessão extraordinária daquele órgão.
Veja Também Moçambique: Frelimo diz que ser do centro não garante candidatura presidencialFauvet é da opinião de que o órgão deveria reagir à intenção de Samora Machel Junior de apresentar a sua pré- candidatura e sublinha que a Frelimo tem dificuldades em escolher o seu candidato presidencial devido a "crises, divisões e dissidências internas que, Fauvet diz nunca ter querido "expor, mas que existem’’.
Por seu turno, o jornalista, Luis Nhachote, diz que a não indicação do sucessor de Filipe Nyusi está a gerar muitas especulações, "como, por exemplo, que o presidente pode declarar estado de guerra em Cabo Delgado e suspender a Constituição da República para se manter no poder".
‘’O Presidente Nyusi, no seu consulado, abriu um precedente que nunca houve na história da Frelimo, julgou o filho e praticamente toda a entourage do antigo presidente, Armando Guebuza, pouco tempo depois de sair do poder. Praticamente viu-se sentado no banco dos réus, pelo que o atual estadista precisa de garantias de que quem o vai suceder não o irá perseguir’’, realça o analista político.