Moçambique: Efeitos e consequências da crise política na Renamo

Membros da Renamo durante campanha presidencial em 2019.

Analistas políticos questionam se o MDM poderá beneficiar-se desta situação e se a oposição não sairá enfraquecida


Alguns analistas políticos moçambicanos não afastam a possibilidade de as vozes criticas à liderança da Renamo aproveitarem este momento para criar uma alternativa ao atual sistema de poder dentro do partido e dizem que o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) pode beneficiar da crise que afeta a maior força política da oposição, através de um acordo com Venâncio Mondlane.

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A decisão de que só quem tem 15 anos de militância na Renamo pode concorrer à presidência do partido não afeta apenas o deputado Venâncio Mondlane, mas muitos outros membros críticos, cujo futuro político pode ter sido posto em causa.

O analista político João Mosca diz que essas pessoas, juntamente com Venâncio Mondlane, podem fazer muitas coisas, entre as quais se constituírem como uma alternativa ao atual sistema de poder dentro da Renamo, criando um partido político alternativo.

Há quem se interrogue se o MDM pode se beneficiar da presente crise na Renamo.

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O pesquisador do Observatório da Saúde Jorge Matine não tem dúvidas de que um eventual regresso de Venâncio Mondlane seria uma mais valia para o MDM.

Matine anota que ‘’tendo em conta que o MDM está em perda de popularidade, eu penso que o partido devia fazer algumas opções, e Venâncio Mondlane é uma das opções mais certas, já esteve no MDM, conhece o MDM, não me parece que seja uma coisa difícil de fazer’’.

Por outro lado, em alguns círculos de opinião afirma-se que com a Renamo fragilizada, ninguém vai fazer oposição em Moçambique.

"A Renamo não está fragilizada’’, afirma Joao Mosca.

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Entretanto, o presidente do Conselho Municipal de Quelimane, Manuel de Araújo, tido como um dos críticos à liderança de Ossufo Momade, defende que Venâncio Mondlane devia resolver os problemas no seio do partido e não nos tribunais.

O Conselho Nacional da Renamo definiu no domingo, 14, os requisitos dos candidatos à liderança do partido na eleição a realizar-se durante o congresso marcado para 15 e 16 de maio.