Moçambique:  “Defesa”  nega atrocidades em Cabo Delgado, mas promete investigar

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Patrulha, Cabo Delgado

Bispo de Pemba diz não haver paz em Cabo Delgado em sete anos de privações

O Ministério da Defesa Nacional de Moçambique diz que as suas forças não massacraram civis em Cabo Delgado, tal como foi, mês passado, reportado pela publicação internacional Politico.

Num comunicado do departamento dirigido por Cristóvão Chume lê-se que “o Ministério manifesta a sua total abertura e disponibilidade em aceitar uma investigação transparente e imparcial sobre as alegações, com vista à busca da verdade material”.

"Não há paz em Cabo Delgado", afirmou, por seu lado, o bispo de Pemba, que destacou que "foram sete anos de deslocação, sete anos de morte, sete anos durante os quais as pessoas viveram com grande sofrimento, de fome".

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O Ministério da Defesa Nacional manifesta-se igualmente aberta “a quem deseja colaborar, em boa-fé, neste sentido".A publicação Politico reportou que militares moçambicanos em Afungi, próximo do projeto de gás natural liquefeito liderado pela multinacional francesa Total Energies, reuniram entre 180 e 250 homens locais, trancaram-nos em contentores de transporte e depois torturaram e mataram a maioria deles, entre julho e setembro de 2021.

Desse grupo, foi reportado que apenas 26 sobreviveram.

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Alex Perry, jornalista que escreveu o artigo do Politico, disse à Voz da América, antes da reação do Ministério da Defesa, que as vítimas “foram mantidas em contentores, sem janelas, sob um calor de 30 graus, durante três meses, houve tortura sistemática, abusos e execuções bastante rápidas”.

“Eles raptaram também mulheres, houve casos de abuso sexual sistemático”, recordou Perry, acrescanto, no entanto que “essas mulheres foram soltas”.

Para a elaboração da reportagem, Perry disse que recorreu a grupos locais de investigação, que “foram para as aldeias que pensávamos serem as mais afetadas”.

Quanto ao seu conhecimento sobre a conduta do exercito moçambicano, Perry disse que “é muito indisciplinado” e o cenário de “mau comportamento, violência sexual, execuções extrajudiciais não é novo, está bem documentado”.

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Apesar de queixas sobre a conduta de militares, no comunicado, o " Ministério da Defesa Nacional reitera que as unidades das FADM atuam em estrita observância do Direito Internacional Humanitário e outras normas conexas à promoção e proteção dos direitos humanos"..

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Na altura da denúncia do Politico, a Total Energies disse que não tinha conhecimento da alegada violação de direitos humanos por militares moçambicanas.

Não há paz em Cabo Delgado, diz bispo de Pemba

Por seu lado, o bispo moçambicano D. António Juliasse disse recentemenete que "não há paz em Cabo Delgado" desde que os inusrgentes iniciaram ataques naquela província em outubro de 2017.

Em declarações na semana passada ao portal Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o bispo afirmou que "foram sete anos de deslocação, sete anos de morte, sete anos durante os quais as pessoas viveram com grande sofrimento, de fome, porque não podem cultivar as suas terras devido à insegurança, de doença porque não há acesso a medicamentos ou porque a clínica mais próxima foi destruída".

Na leitura de Dom Juliane, foram "sete anos durante os quais as crianças não puderam estudar como deviam”.

“Desde que estou em Pemba, tenho tido dificuldade em assinalar o dia 4 de Outubro como o Dia da Paz. A verdade é que devemos celebrá-lo como o Dia dos Acordos de Paz de Roma porque em Cabo Delgado a paz não existe. Cabo Delgado faz parte de Moçambique, logo não há paz em Moçambique. É-me difícil ouvir discursos em que as pessoas dizem que temos paz, quando não há paz em todo o país. Quando ouço estes discursos sinto que há uma certa falta de solidariedade para com o povo de Cabo Delgado, como se isso fosse um problema deles e não do país", concluiu D. Julisse.