Moçambique: Catalizadores da violência devem ser eliminados, sugerem analistas políticos

Edifício do governo do distrito de Mocímboa da Praia, Cabo Delgado, Moçambique

Moçambique vai a votos em Outubro e analistas alertam que se mantêm presentes os fatores que fazem com que, ciclicamente, nos períodos eleitorais, se agudizem as tensões e as guerras que têm ocorrido no país ao longo dos últimos 33 anos, incluindo a resistência a mudanças por parte do Governo central.

Moçambique viveu mais de metade dos últimos 60 anos em guerras, nomeadamente a luta pela independência, a guerra civil e agora a violência armada em Cabo Delgado, havendo quem se interrogue por que é que se está tanto tempo em guerras.

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Moçambique: Catalizadores da violência devem ser eliminados, sugerem analistas

O analista político Luís Boaventura diz que, ao longo destes 60 anos, houve fatores comuns relacionados com a economia política deste país que se mantêm presentes e que são geradores de conflito, entre os quais, a resistência a mudanças, realçando que “fundamentalmente, isso é que faz com que as pessoas peguem em armas para negociar’’.

O sociólogo João Feijó destaca também ser esta uma das razões por que é as pessoas insistem tanto nesta solução agressiva para resolver os problemas.

Ele nega a idéia de que o moçambicano é pacifico “e quando se revolta é porque há uma mão externa, como se ele não fosse capaz de pensar pela sua própria cabeça, e como se ele não se sentisse excluído de algo e sem capacidade de ter canais formais através dos quais possa apresentar os seus problemas’’, sublinhando que “não tendo essa capacidade ele recorre às matas’’.

Feijó anota que “estamos a falar de conflitos armados, mas depois temos aqueles conflitos que estão latentes - as zonas peri - urbanas deste país são muito conflituosas, nos bairros temos tensões sociais, há muita insegurança, há muito desemprego, temos uma juventude que tem expetativas legítimas de conseguir emprego, mas não consegue emprego’’.

Há uma grande frustração porque, diz o sociólogo, a juventude não está representada no Parlamento, no Governo e nos órgãos de decisão.

O também sociólogo João Colaço diz que a juntar-se a isso está o quadro politico-social em que as diferenças sociais entre os moçambicanos continuam a agravar-se e os níveis de pobreza e de desemprego estão a aumentar.

Para João Feijó, a solução para esta realidade passa por Moçambique mudar a sua cultura política.

Entretanto, Tomás Salomão, quadro sénior da Frelimo, partido que governa desde 1975, diz que conflitos desta natureza existem e devem ajudar o país a encontrar formas inovadoras de encarar os problemas e a partir delas arranjarem-se saídas.