Os candidatos às eleições presidenciais de 9 de outubro em Moçambique prometem renegociar os contratos dos megaprojetos, mas, nenhum deles diz quais são e como vão fazê-lo.
Alguns economistas e analistas políticos apontam que este posicionamento pode ser uma falácia, uma vez que muitos desses contratos, sobretudo os ligados à exploração de gás natural liquefeito, não podem ser renegociados.
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A renegociação dos contratos de megraprojectos tem sido o mote das intervenções dos candidatos presidenciais, para que, dizem, possam trazer mais benefícios aos moçambicanos.
O candidato Venâncio Mondlane diz, repetidamente, que vai renegociar os contratos, porque encobrem esquemas de corrupção e beneficiam um pequeno grupo de pessoas.
Veja Também Domínio de investimento pode tornar Moçambique vulnerável aos interesses chinesesEste sentimento tem sido reiterado pelos demais candidatos presidenciais da oposição, nomeadamente Ossufo Momade, da Renamo, e Lutero Simango, do MDM, enquanto o candidato da Frelimo, Daniel Chapo, defende a revisão dos contratos para que possam trazer mais benefícios do que aqueles que proporcionam atualmente.
A economista Leila Constantino diz que pode ser falacioso falar de renegociação de contratos porque há várias questões a ter em conta, nomeadamente, a questão legal, a menos que haja uma cláusula que permita uma alteração, o que pode não ser o caso.
Veja Também Indústria extractiva "deixou" de pagar 300 milhões de dólares a Moçambique em 2021, OxfamO analista político Moisés Mabunda diz ser imperiosa uma revisão dos contratos dos megaprojetos ‘’porque não faz sentido que 30 anos depois, a fundição de alumínio Mozal não pague impostos’’ e realça ser muito insignificante aquilo que o Estado ganha da multinacional Sasol.
Para o também analista político Fernando Lima, falar sobre renegociação dos contratos é uma questão muito popular e soa bem aos ouvidos das populações, ‘’mas na maior parte dos casos, é difícil renegociar contratos e naquilo que é possível, o Governo, ele próprio tem renegociado esses contratos’’.
Veja Também Moçambique: Investimentos externos não chegam no ritmo necessário‘’Onde é possível, o Governo tem mostrado que os novos contratos devem trazer mais vantagens para Moçambique, vantagens essas que não foram possíveis à altura das negociações, nomeadamente a altura da independência e do pôs- acordo de paz de Roma’, conclui Lima.
Entretanto, o Governo assume que alguns contratos são problemáticos, sobretudo no que diz respeito aos excessivos benefícios que dão aos megaprojectos, mas diz que isso se integra num plano destinado à atração de investimentos num contexto bastante critico para a economia moçambicana.
Dados divulgados por economistas apontam que os excessivos benefícios fiscais lesam o Estado moçambicano em mais de 400 milhões de dólares anualmente.