Analistas saúdam o anúncio feito pelo comandante do Comando norte-americano em África (AFRICOM) de que os Estados Unidos vão apoiar Moçambique na criação de capacidade operacional para combater o terrorismo em Cabo Delgado, incluindo o fornecimento de equipamento militar não letal, considerando uma evolução bastante positiva no relacionamento entre os dois países.
Veja Também Moçambique: Estado Islâmico reivindica ataque que matou sete militaresO comandante do AFRICOM, general Michael Langley, fez o anúncio depois do encontro que manteve em Maputo, com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, em que foram abordados aspectos concretos da cooperação militar, principalmente através da componente de formação, mas também do fornecimento de equipamento.
Veja Também Secretário de Defesa americano discute com Nyusi segurança em Cabo DelgadoLangley declinou-se a dar pormenores sobre o que o presidente moçambicano pediu, ‘’mas sei que, primeiro, provavelmente, será em termos de uniformes, portanto, ajuda não letal neste momento’’.
O general avançou que o fornecimento de equipamento às Forças de Defesa e Segurança de Moçambique dependerá das negociações que serão feitas logo após o pedido formal que o Governo terá de apresentar.
‘’Este pronunciamento significa uma evolução bastante positiva no relacionamento entre os Estados Unidos e Moçambique’’, diz o analista político Moisés Mabunda, para quem este apoio significa que os Estados Unidos ‘’compreendem que é preciso incrementar o apoio a Moçambique para combater este mal que afeta também a comunidade internacional’’.
Veja Também Ramaphosa menciona insurgência em Moçambique em encontro com BidenO também analista político Custódio Tomás, diz que "apesar de tardio, dado que o terrorismo em Cabo Delgado já assumiu contornos muito preocupantes, o apoio americano é muito importante no sentido de que vai dotar as Forças Armadas de Moçambique de equipamento, que espero seja do mais moderno que existe, para combater este fenómeno".
"Mas, por outro lado, eu penso que este apoio mostra o interesse que os Estados Unidos têm não só em conhecer profundamente o fenómeno terrorismo, mas também todo o tipo de tráficos que ocorrem no norte de Moçambique, e isso é muito importante", sublinha o analista.
Mabunda discorda da ideia de que este apoio vem tardiamente, anotando que o combate ao terrorismo é uma guerra bastante desgastante e cara, para alem de que ainda há relatos de ataques esporádicos, "pelo que um apoio, sobretudo em termos de equipamento é bem-vindo".
Para as autoridades governamentais moçambicanas, a assistência americana vai incrementar os esforços para o combate ao terrorismo em Cabo Delgado, que já provocou centenas de mortos e milhares de deslocados.
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