Moçambique: Antigo militar diz que morte de suposto golpista na RDC pode ter impacto no combate ao terrorismo

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Policia em alertac Gombe, Kinshasa 19 maio 2024

Em Moçambique, como a Voz de América tem vindo a noticiar, o apontado líder de uma suposta tentativa de golpe de Estado na República Democrática do Congo (RDC) no passado sábado, 18, e dois outros colegas têm empresas registadas em Moçambique.

Christian Malanga, foi apontado como tendo negócios com os generais e veteranos de guerra Alberto Chipande e Fernando Bengala, o que já foi desmentido pelos dois.

Joaquim Chissano, antigo Presidente moçambicano

O antigo Presidente Joaquim Chissano também veio a público negar qualquer envolvimento de Moçambique ou generais com o caso, mas o Capitão-Tenente na Reserva, Abdul Machava, considera que Malanga pode ter estado por trás do financiamento dos insurgentes e que, por isso, o conflito em Cabo Delgado pode reduzir de intensidade

Citado pelo jornal O País, Machava faz ainda uma ligação com o facto de o suposto golpista estar envolvido em negócios ligados à mineração.

Esse facto, segundo Abdul Machava e aliado às informações até agora levantadas sobre Christian Malanga, mostra que, provavelmente, o seu poder económico poderia estar ligado ao tráfico de minerais preciosos dentro RDC.

O militar na reserva acredita também que, sabendo de informações de que Christian Malanga já abriu empresas ligadas ao setor mineiro, é possível fazer uma ligação entre a sua potência pela atividade mineira e o seu estatuto financeiro com o financiamento a actividades ilícitas em vários países

“Penso que ainda hão-de vir à tona informações de vários países onde Cristian Malanga tem ligação. Assim, é bem provável que uma das fontes dos grupos de insurgência possa ter sido destruída. Isso são ligações que vamos fazendo à medida que nos chegam informações sobre ele”‘, anotou aquele militar moçambicano.

Ao fazer um paralelismo entre o golpe de Estado na RDC e o terrorismo em Cabo Delgado, Abdul Machava entende que as falhas técnicas observadas na atuacao dos grupos insurgentes em Cabo Delgado mostram que, provavelmente, os grupos terroristas, embora pareçam estar ligados a Al-Qaeda e ao Estado Islâmico, podem não ter uma ligação tão forte.

Entretanto, o antigo Presidente Joaquim Chissanodisse que, na vigência do Presidente Kabila, na República Democrática do Congo (RDC), Moçambique foi sempre o elo de reconciliação daquele país e, por isso, não encontra fundamentos da ligação entre indivíduos que por via armada tentaram recentemente depor o actual Chefe de Estado daquele país.

Em declarações em Maputo ontem, citado pela Agência de Informação de Moçambique, Chissano afirmou também não haver nenhuma ligação entre o general Alberto Chipande em relação à atitude daqueles indivíduos.

“O facto de as pessoas terem passado pelo nosso país ou ter residência não implica necessariamente um relacionamento com esse golpe de Estado”, afirmou Chissano.

A reacção do antigo Presidente surge na sequência de informações que associam o antigo ministro da Defesa Nacional, o general Alberto Chipande, ao grupo que, por via armada, tentou promover o golpe de Estado na RDC.

Por outro lado, o Presidente da República enviou uma mensagem de solidariedade ao seu homólogo, Félix Tshisekedi, na qual Chefe de Estado refere que “enquanto condenamos categórica e veementemente qualquer ato ou tentativa de mudar inconstitucionalmente um Governo eleito democraticamente, saudamos as Forças de Defesa e Segurança Congolesas pela resposta rápida e decisiva que abortou a tentativa de golpe de Estado, neutralizando ou aprisionando os seus autores”, concluiu Filipe Nyusi.