Mais de 17 milhões de moçambicanos estão inscritos para votar nas eleições para Presidente da República, deputados e governadores provinciais, que decorrem nesta quarta-feira, 9.
Depois de mais de seis horas de votação, não há dados sobre a adesão dos eleitores, mas a plataforma de observação eleitoral Sala da Paz diz que “a fraca presença de delegados de candidatura, se não for corrigida nas próximas horas, pode limitar os partidos políticos de acompanhar o processo de forma detalhada, o que pode, de alguma forma, afetar a transparência do processo".
A plataforma, constituída por observadores moçambicanos e internacionais, acrescenta que das 3.297 mesas de voto visitadas pelos seus 800 observadores eleitorais, 2.982 mesas (92.8%) tinham pelo menos um delegado de candidatura. A Frelimo, partido no poder, está presente em 2.709 mesas, (82,6%), seguida da Renamo, em 2.016 mesas, (61,1%), Podemos, com 1.659 mesas, (50,3%), e MDM, em 1.428 mesas (43,3%).
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O processo, no seu todo, até agora, parece estar a decorrer na normalidade, apesar de pequenos incidentes.
O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, disse, antes do início da eleição, que as condições estavam criadas para que tudo decorresse “em segurança”.
Rafael, depois de votar, em declarações aos jornalistas, pediu aos eleitores que deixassem as assembleias de voto após exercerem o seu direito.
“Se cada um de vós tentar guarnecer ou vigiar o seu voto, não haverá espaço e nós dissemos que não há direito comparado, em nenhum país, onde alguém vota e fica ali mesmo a guarnecer", afirmou Rafael.
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Simango alerta para fraude e Chapo pede festa
Entretanto, o candidato presidencial e líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) afirmou que delegados do seu partido estão a ser impedidos de estar nas mesas das eleições gerais, configurando uma "fraude".
"A recusa da presença dos elementos do MDM e recusa de entrega das credenciais aos nossos delegados só cheira a fraude. Por isso, quero informar a todos que nas próximas horas eu pessoalmente vou deslocar-me para todas as mesas nesta cidade de Maputo, para ter a certeza que estão lá os meus elementos. E continuando assim esse processo até ao fim do dia só significará fraude, fraude, fraude", afirmou Simango aos jornalistas.
Por seu lado, o candidato da Frelimo, no poder, Daniel Chapo, depois de votar em Inhambane, apelou a que se mantenha o espírito da campanha eleitoral que “foi ordeira, pacífica, sem violência”.
"Que seja um momento de festa para todos moçambicanos, do Rovuma ao Maputo, dos 30 anos da democracia multipartidária e que todos nós possamos chegar ao fim e dizer que estas eleições foram eleições livres, justas e transparentes", disse Chapo à imprensa.
Momade pede que polícia cumpra seu papel
O presidente da Renamo, o principal partido da oposição, pediu “eleições livres, justas e transparentes” e que “seja respeitada a decisão dos moçambicanos".
"Queremos deixar o apelo para a Polícia da República de Moçambique para que cumpra com a lei, estar a 300 metros [das assembleias de voto]", alertou Ossufo Momade, que disse não querer ver “dirigentes de alguns partidos a levar listas para assembleias de voto, porque cada eleitor conhece o caminho, conhece a sua assembleia de voto".
Por seu lado, o candidato Venâncio Mondlane, apoiado pelo Podemos, afirmou estar montado a nível nacional um "esquema fraudulento".
"Temos cadernos adulterados, temos muitos casos de delegados da candidatura do Podemos que estão a ser proibidos de se fazer à sala. Temos vários casos em que não se emitiram credenciais em número suficiente. É isto, está montado aqui um sistema mais do que perfeito para se operacionalizar uma fraude", denunciou Mondlane, após votar em Maputo, mas destacou não ter "nenhum receio" em relação à base social de apoio.
Quem também falou foi o antigo Presidente Joaquim Chissano que disse estar a ver “uma ordem e um ritmo bom de votação e parece que assim está a passar em todo país, pelo que vimos na televisão”.
“Quando construímos o multipartidarismo e instituímos as eleições multipartidárias, não tínhamos muita informação e a população não tinha formação, mas fizemos uma grande aprendizagem ao longo destes 30 anos e estou a sentir grande maturidade da população”, sublinhou o antigo líder da Frelimo.
A votação termina às 18 horas locais.
Dos 17.163.686 eleitores escritos, 333.839 vão votar em sete países africanos e dois europeus.
Nestas sétimas eleições, serão escolhidos o Presidente da República, 250 deputados, 794 membros das assembleias municipais e 10 governadores.