Analistas políticos divergem na interpretação do relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que revela o crescente desejo dos moçambicanos pelo sistema ditatorial.
Alguns consideram ser compreensível esse entendimento, numa sociedade que tem muitos problemas no seu dia-a-dia, mas outros afirmam que as pessoas estão a lutar tenazmente pela democracia.
O Índice sobre o Desenvolvimento Humano, do PNUD, em Moçambique indica que 33,2 por cento dos inquiridos se mostraram favoráveis ao sistema ditatorial contra 48,7 por cento que ainda preferem a democracia, sublinhando que desde 2016 que o desejo pela ditadura está em alta no país.
O analista político Fernando Lima diz não ser difícil interpretar estes resultados numa sociedade com muitos problemas e onde existem muitas teorias, inclusivamente, sobre os tigres asiáticos, em que a autoridade é um elemento importante para impor o desenvolvimento.
Aquele analista refere haver "um segmento de pessoas que pensa que democracia significa caos, confusão, logo é preciso autoridade, mão forte ou um líder esclarecido, e isso dá essas derivas autoritárias, e aqui em Moçambique existem também os defensores desse tipo de teorias".
Para o também analista político Dias da Cunha, os resultados deste inquérito traduzem uma teoria que tem sido defendida por diferentes segmentos em vários países, que entendem que só com a ditadura se pode alcançar o desenvolvimento.
Entretanto, o porta-voz da Renamo, José Manteigas, considera que o relatório do PNUD pode não espelhar a realidade moçambicana, porque tanto a sociedade civil quanto os partidos políticos "têm estado a lutar tenazmente para acabar com a ditadura em Moçambique".
A mesma opinião tem o analista político Egidio Plácido, para quem as pessoas estão cada vez mais a lutar pelas suas liberdades e direitos.
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O Governo reitera que tudo está a ser feito para que as instituições democráticas sejam cada vez mais fortes, o que permitirá o reforço da democracia.