Foram a enterrar nesta quarta-feira, 13, no Cemitério do Benfica, em Luanda, Angola, dois dos três jovens encontrados mortos no sábado, 9, nas proximidades do bairro Vila Kiaxi.
Estes assassinatos levantam mais uma vez interrogações sobre o que está por trás da onda de mortes violentas na capital angolana.
O porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC) não comentou os casos recentes, mas disse que a corporação está a investigar.
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O aumento de homicídios em Luanda tem alarmado os moradores que apontam para a possível atuação de “esquadrões da morte”, enquanto outros afirmam que essas mortes podem dever-se à adesão de jovens ao mundo do crime. Observadores admitem o envolvimento do crime organizado, disputas por controlo de territórios e ajustes de contas entre grupos.
Nelson Francisco, presidente da Associação de Jovens Resilientes, afirma não ter dúvidas que existe por trás destas mortes uma marca clara de crime organizado por conta de vários problemas sociais existentes no país.
“A polícia, por si só, não acreditamos nós, será capaz de pôr cobro a esta situação”, sustenta Francisco para quem “a polícia, por si só, será incapaz”.
Aquele ativista social diz que é necessário que "toda uma sociedade se una em volta dos problemas sociais que vivemos, para que possamos, então, encontrar a solução, para acabarmos ou minimizarmos o crescimento deste movimento”.
Nelson Francisco acrescenta ainda que devido “à precariedade social que hoje se vive, os jovens, maioritariamente, encontram-se envolvidos em determinados negócios que, por sua natureza, são de contornos difíceis e lamentávei e, na maior parte das vezes, com um fim trágico, como esses que a gente vai vivendo ou vai acompanhando no nosso dia a dia”.
Outra ativista social, Evandra Furtunato, diz que só com investigações profundas se podem esclarecer as razões dos assassinatos no país, mas reitera ser preocupante a impunidade que persiste.
“Nós, enquanto cidadãos, preocupamos-nos com a questão da impunidade”, afirma Fortunato, que espera que "a polícia possa fazer uma maior investigação, possa prestar melhores esclarecimentos” sobre esses casos.
Contactado pela Voz da América, o porta-voz do SIC recusou-se a comentar as causas destas três mortes mais recentes, mas afirmou que o caso está a ser investigado.
“O Serviço de Investigação Criminal tem missões próprias no âmbito da prevenção e repressão à criminalidade. Sempre que ocorrem fatos criminais, sobretudo dessa natureza, no caso de homicídios, o que nós fazemos é, portanto, abrir o competente procedimento criminal" afirma o Superintendente de Investigação Criminal Manuel Halaiwa que acrescenta: "Os cadáveres eventualmente encontrados são removidos para a perícia médico-legal ou a chamada inspeção médico-legal. E, determinadas as circunstâncias da morte, avançamos então com a investigação para a determinação da autoria material desses atos que jogam-nos a todos, jogam a sociedade.”
Refira-se que, no mês de julho, foram encontrados corpos no Zango, no município de Viana e nos municípios de Cacuaco, Cazenga e Icolo e Bengo.
Há alguns anos, o investigador Rafael Marques denunciou a existência de execuções sumárias em Luanda, no relatório intitulado “O Campo da Morte” em que denunciava a existência de esquadrões da morte Luanda.