Passam esta quinta-feira, 19, 37 anos depois da morte do primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel, num acidente de aviação, na África do Sul, e alguns analistas políticos não acreditam que nos próximos 30 anos possa haver uma versão final sobre as causas, e lamentam o facto de o assunto ter deixado de ser investigado há pelo menos 15 anos.
Existem várias versões sobre a morte de Samora Machel, e a versão do Estado moçambicano é que o avião em que ele viajava foi desviado por um objecto técnico chamado VOR, tendo se embatido nas montanhas de Mbuzini.
Samora regressava de mais uma missão dos países da região destinada a traçar estratégias de resposta a um período muito critico de confrontação militar entre o regime do apartheid e Moçambique, particularmente.
Veja Também História: Vamos "beber um Samora", disse Julius Nyerere a Henry KissingerO analista político Tomás Vieira Mário recorda o facto de que Samora Machel morreu poucos dias depois de o jornalista Carlos Cardoso ter escrito que a morte do antigo estadista moçambicano estava nos planos das elites militares sul-africanas.
‘’Havia um ambiente de tensão entre o regime do apartheid e a região em geral e Moçambique particularmente, mas também havia uma versão que dizia que dentro do Estado moçambicano e do partido no poder (Frelimo) havia alguns sectores cansados da liderança de Samora Machel, que entendiam que ele já não estava a responder aos desafios da actualidade e que até o exercito estava desorganizado’’, enfatizou aquele analista.
Ele avançou que houve todo um conjunto de ambiente conducente a este fim trágico que Samora Machel teve, quer interno quer externamente, sublinhando que este assunto ‘’vai morrer assim’’ porque envolve Estados.
Tomás Vieira Mario pensa que não haverá, pelos menos, nos próximos 30 ou 50 anos, algum momento em que possa haver uma versão final e por todos apoiada daquilo que pode ter acontecido na morte de Samora Machel, acrescentando que nos últimos 15 anos não tem havido qualquer investigação ao assunto.
O jornalista investigativo Luís Nhachote diz que isso não tem acontecido, ‘’porque, eventualmente esteja envolvida uma mão interna, que não pode ser exposta; pelo que só poderemos saber a verdade quando acabar a geração de Samora Machel’’.
Para o académico e analista político Ismael Mussa tem que haver um dia em que os moçambicanos saibam a verdade sobre a morte de Samora Machel, ‘’e esta seria a melhor homenagem que poderíamos dar ao país e à família dele; estamos a adiar isto desde o Presidente Nelson Mandela, o apartheid já foi e a verdade continua a não aparecer’’.
Mas o académico João Cabrita desmonta no seu livro sobre a morte de Samora Machel a tese de sabotagem .
E o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, diz que as investigações à morte de Samora Machel vão continuar até que a justiça seja feita.
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