Morreu Salimo Muhamad, estrela da canção moçambicana

  • Amâncio Miguel

Salimo Muhamad, cantor moçambicano. Foto gentilmente cedida por Ouri Pota

A música moçambicana está de luto. Morreu, na noite desta quarta-feira, 7, Salimo Muhamad, um dos seus maiores nomes.

O categorizado artista estava internado, no Hospital Central de Maputo, padecendo de cancro do pulmão, segundo o diário Notícias.

O músico completaria 76 de idade a 13 deste mês. Nascera Domingos Simeão Mazuze Jr., em Xai-Xai, província de Gaza, a 13 de Agosto de 1948. A sua mãe, Maria José da Cunha Mazuze cuidava da família, e o pai, Domingos Simeão Mazuze, era escrivão.

Ele decidiu deixar de usar o nome Simeão Mazuze, no início da década de 1990, quando se converteu ao islamismo.

“Não sou um muçulmano fundamentalista, não sou aquele muçulmano muito assíduo, fi-lo no princípio”, disse o artista, em 2016, ao apresentador Jorge Ribeiro, no programa Isto é Show, da STV, em Maputo.

Subvsersão

Desde novo que revelou interesse pela música, mas foi nos anos 1970, cumprindo o serviço militar na Força Aérea, em Portugal, que conheceu o cantor José Cid, e fez as suas primeiras gravações. Seguiram vários discos.

De regresso ao país, em 1974, integra o movimento artístico da época. Inicialmente atuava com o seu irmão Alexandre Mazuze, uma colaboração que durou até 1977, quando foi detido e conduzido ao campo de reeducação, em Bilibiza, Niassa. Ali eram mantidos os que as autoridades da época consideravam subversivos.

Novamente em Maputo, finda a punição em Niassa, na década de 1980, forma, com Pedro Langa e outros, o grupo Xigutsa Vuma, que dura pouco, mas marca a produção da chamada música ligeira moçambicana.

Entre as suas canções, abarcando temáticas de amor, crítica social ou ativismo politico, contam-se Mamana Maria, Bilibiza, Xantima ibodlela, Magubane, Gungula nhautomi, Sambrowera fandanga, entre outras.

A canção “Xantima ibodlela”, tida como apelo à reconciliação, gravada na década de 1980, em plena guerra civil em Moçambique, foi banida das emissões de rádio. Nela, o cantor convidava as partes em guerra (Frelimo e Renamo) a trocarem as armas pelo diálogo, o que veio a acontecer em 1992, em Roma, depois de um milhão de mortes e muita destruição.

Além de cantar, Muhamad, que era também formado em pintura decorativa, foi ator de cinema, com participação na longa metragem Tempo dos Leopardos, uma produção moçambicano-jugoslavo, de 1985.

Na política, Salimo Muhamad foi deputado da Assembleia Municipal da Matola, como membro do partido MDM.