Morreu o "cérebro" da Revolução dos Cravos em Portugal, Otelo Saraiva de Carvalho

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Menina com cravos vermelhos em marcha em Lisboa, a 25 de Abril de 2017

O "cérebro" do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 que derrubou a ditadura fascista em Portugal, Otelo Saraiva de Carvalho, morreu neste domingo, 25, aos 84 anos e idade, no Hospital Militar de Lisboa.

A notícia foi confirmada pelo presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço a diversos meios de comunicação portugueses.

O “capitão de Abril”, como passou a ser conhecido, foi o responsável pelo sector operacional da Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas (MFA), que liderou a “Revolução dos Cravos”, ao elaborar o plano de operações militares e dirigir as acções do golpe a partir do posto de comando instalado no Quartel da Pontinha, em Lisboa.

Natural da então Lourenço Marques, hoje Maputo, em Moçambique, nasceu em 1936, mas embora quisesse ser actor, entrou para o exército na juventude.

Durante a guerra dos movimentos de libertação das então colónias portuguesa, Saraiva de Carvalho foi capitão em Angola entre 1961 a 1963 e na então Guiné entre 1970 e 1973.

Graduado em brigadeiro, chegou a comandante do Comando Operacional do Continente, um comando militar criado pelo MFA a 23 de Junho de 1975, mas foi afastado do cargo após o 25 de Novembro de 1975.

Conotado com a ala mais radical do MFA, Saraiva de Carvalho foi preso na sequência dos acontecimentos do 25 de Novembro e solto três meses mais tarde.

Em 1976 e 1980 ele concorreu à Presidência, mas perdeu, mas fundou o partido Força de Unidade Popular, extinto em 2004.

Em 1985, Otelo foi preso pelo seu papel na liderança das FP-25 de Abril, uma organização terrorista de extrema-esquerda, que operou em Portugal entre 1980 e 1987, e à qual foi imputada a autoria de 13 mortes e de dezenas de atentados.

O julgamento dos crimes de sangue, em que Otelo também foi acusado a par de outros 70 réus, iniciou-se em 1991 e durou 10 anos, sem que o tribunal tenha identificado os autores dos crimes. Depois foi amnistiado.

"O Presidente da República, consciente das profundas clivagens que a sua personalidade suscitou e suscita na sociedade portuguesa, evoca-o, neste momento como o Capitão que foi protagonista cimeiro num momento decisivo da história contemporânea portuguesa", afirmou o Presidente porrtuguês Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota publicada na página da Presidência.