Morreu o general angolano João de Matos

Indonesian Navy personnel handle a box containing the flight data recorder recovered from the crash site of the Sriwijaya Air flight SJ-182 in the Java Sea at Tanjung Priok Port.

Aos 62 anos faleceu na Espanha depois de doença prolongada

O primeiro Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) de Angola, João Baptista de Matos, morreu aos 62 anos neste sábado, 4, na Espanha, onde se encontrava há algum tempo doente.

A revelação foi feita pelo Bureau Político do MPLA, partido no poder, em comunicado.

Não há, até agora, qualquer informação da causa da morte de Matos, nem da parte dos familiares nem do Governo, mas sabia-se que encontrava-se doente há muito tempo e, por isso, deslocava-se com frequência a Madrid para tratamento médico.

O MPLA destaca-o "como um intrépido comandante político-militar, que soube interpretar e aplicar, na prática, os anseios mais nobres do povo angolano, na sua luta revolucionária pela conquista e preservação da Independência Nacional, da integridade territorial de Angola e da paz definitiva".

O antigo GEMGFA (1991-1999) é um dos mais reconhecidos generais angolanos com prestigio no país e no exterior.

João de Matos chegou a dirigir as forças angolanas enviadas em 1998 para a República Democrática do Congo.

Algumas fontes indicam que o seu afastamento do exército, em Maio de 2001, ocorreu durante o conflito armado mas também de crispação entre pessoas que lhe eram próximas e a Presidênciada República.

A partir de então, Matos passou a dedicar-se aos negócios privados, nos domínios da construção civil, exploração de diamantes, petróleos e banca.

Lava Jato

No passado mês de Fevereiro, o seu nome foi citado na operação Lava Jato no Brasil, quando a Procuradoria Geral daquele país revelou estar a investigar a sua participação num esquema de corrupção, intermediado por dois operadores do PMDB, o partido do Presidente brasileiro Michel Temer.

O acordo para a construção de uma fábrica de etanol em Cabo Verde não terá sido assinado por problemas fiscais.

A Procuradoria afirma que os operadores do PMDB Jorge Luz, alvo da Operação Blackout, 38.ª fase da Lava Jato deflagrada na quinta-feira, 23 de Fevereiro, e João Augusto Henriques, preso em Setembro de 2015 na Operação Ninguém Durma, 19.ª fase, “actuaram de forma criminosa” para uma empresa do general João Baptista de Matos, ex-chefe do Estado Maior de Angola, conseguir um contrato com a Petrobrás.

De acordo com os investigadores, citados pelo jornal brasileiro O Estadão, a reunião proposta por Jorge Luz foi aceite pelo general angolano e ocorreu em Miami, a 11 de Julho de 2009.

Onze dias depois, ainda de acordo com a acusação, Luz recebeu um e-mail de endereço electrónico particular de Jorge Oliveira Rodrigues, com o protocolo de intenções, que encaminhou para João Matos.

A Procuradoria afirma ainda que o documento apresenta diversos campos em branco, sendo possível identificar o objecto como sendo o projecto de uma planta de processamento e desidratação de etanol em Cabo Verde.

Para os procuradores da Lava Jato, apesar de o projecto não ter se concretizado, “existem fortes indícios de que Jorge Luz e João Henriques tenham intermediado vantagens indevidas para Jorge Oliveira Rodrigues, gerente da Petrobrás, para propiciar o início de negociações entre a Petrobrás e empresa vinculada ao general João Baptista de Matos”.

O caso não foi julgado ainda.