O ex-Presidente da Tanzânia, Ali Hassan Mwinyi, considerado o "pai da democracia", morreu na noite de quinta-feira, 29, em Dar es Salaam, aos 98 anos de idade.
“É com tristeza que anuncio a sua morte”, escreveu a Presidente Samia Suluhu Hassan, acrescentando que o antigo chefe de Estado estava a ser tratado a um cancro do pulmão.
Mwinyi foi hospitalizado em Londres em novembro de 2023, antes de regressar a Dar es Salaam para continuar o tratamento.
Suluhu Hassan disse também que o país vai respeitar sete dias de luto com as bandeiras nacionais a meia haste.
Indicado por Nyerere, rompe com políticas socialistas
Ali Hassan Mwinyi assumiu o poder em 1985, quando foi escolhido pelo, considerado herói da independência, Julius Nyerere.
Ele herdou um país numa profunda crise económica, após anos de experiências socialistas falhadas.
Entretanto, Mwinyi decidiu romper com as política socialistas de Nyerere e liberalizar a economia, abrir o país às importações e permitir a criação de empresas privadas, o que lhe valeu o apelido de "Mzee Rukhsa" ("Sr. Permissão", em suaíli).
Foi ele também quem abriu o país à democracia.
Controvérsias no mandato
Nas suas memórias, publicadas em 2020, explicou em particular que a política ujamaa privou os pequenos comerciantes de rendimentos.
Nascido a 8 de Maio de 1925, na antiga colónia britânica conhecida como Tanganica, Mwinyi mudou-se para Zanzibar para estudar o Islão.
Após a fusão, em 1964, da Tanganica independente com Zanzibar para formar a Tanzânia, subiu na hierarquia política até se tornar embaixador no Egito e ministro da saúde, dos assuntos internos e dos recursos naturais durante a década de 1970 e no início da década de 1980.
O seu mandato, de 10 anos como Chefe de Estado, foi marcado, no entanto, por controvérsias.
Alguns criticaram-no por favorecer os muçulmanos em cargos governamentais importantes, mas Mwinyi sempre rejeitou as acusações.
A liberalização da economia também foi acompanhada por numerosos escândalos de corrupção, que levaram vários doadores internacionais a suspender a sua ajuda em 1994.
Ali Hassan Mwinyi deixou o poder em 1995 e optou por uma posição muito discreta.
C/AFP