Morre Zé Mário Bulimundo, uma das mais emblemáticas vozes do funaná

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Bulimundo, grupo musical cabo-verdiano, com Zé Mário (quinto na segunda fila, a contar da esquerda)

Durante 36 anos foi a voz do Bulimundo, um dos mais carismáticos grupos musicais de Cabo Verde

A música cabo-verdiana está de luto com o falecimento do intérprete José Mário dos Reis, conhecido por Zé Mário Bulimundo, nome dado devido à sua enorme proeminência como vocalista do Bulimundo, um dos mais carismáticos e tradicionais grupos do funaná.

Ele faleceu na manhã desta terça-feira, 9, no Hospital Universitário Agostinho Neto, na cidade da Praia, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Durante 36 anos emprestou a voz àquele grupo que levou a vários palcos do mundo o funaná, um dos mais conhecidos géneros musicais de Cabo Verde, e com o qual gravou quatro álbuns: “Êxodo, 1983 nos EUA”, “Compasso Pilon", 1984 em França, “Na kal ki bu ta linha", 1990, em França e Holanda, e “Ta Ndera ca ta kai", 1998, na Holanda.

Zé Mário Bulimundo se definia como discípulo de Carlos Alberto Martins, `Catchás´, exímio guitarrista, já falecido, e que foi o mentor e fundador do Bulimundo.

O artista, que se desligou há algum tempo daquele grupo para criar “Zé Mário & Banda”, tinha previsto arrancar em breve esta nova etapa da vida musical para lançar os 40 anos de carreira, com single “Kaminho de Ferru”.

E as reacções não se fizeram esperar na imprensa e nas redes sociais.

O Ministério das Cultura e das Indústrias Criativas escreveu na sua página no Facebook que é "com enorme sentimento de pesar que o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas tomou conhecimento do falecimento de Zé Mário" e acrescentou que "Cabo Verde e a cultura cabo-verdiana perdem, assim, um grande homem e grande voz".

O presidente do PAICV, na oposição, escreveu na sua página no Facebook que "cala-se uma voz e empobrece-se o nosso património musical e cultural".

Rui Semedo disse ainda que "trata-se de uma grande perda para esta Cidade da Praia, mas também para o país que beneficiou do convívio da sua voz que se destacou principalmente no funaná".

O musicólogo e investigador César Monteiro rematou que "a música cabo-verdiana inteira está de luto".