Moradores relatam ataque que matou três membros das Forças de Defesa e Segurança em Cabo Delgado

Forças de Defesa e Segurança em Palma, Cabo Delgado, Moçambique

Dois agentes morreram no local do ataque na terça-feira e o terceiro morreu na quarta-feira no hospital distrital de Nangade

Três membros de uma unidade especial das Forças de Defesa de Moçambique (FDS) morreram durante um ataque supostamente levado a cabo por um grupo de terrorista, ligado ao Estado Islâmico, numa aldeia do distrito de Nangade, norte de Cabo Delgado, relataram à VOA esta sexta-feira, 8, várias fontes locais.

As mesmas fontes indicaram que o grupo atacou uma posição das Forças de Defesa e Segurança, que combatem a insurgência, na aldeia Mandimba, seguindo-se a um confronto que deixou “outros cinco operativos feridos” no início da tarde de terça-feira, 5.

Dois agentes morreram no local do ataque e o terceiro morreu na quarta-feira, 6, no hospital distrital de Nangade, para onde tinha sido socorridos após ferimentos graves durante o confronto, disseram outras fontes próximas ao incidente.

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O ataque forçou a evacuação da posição das FDS e a população diz-se desprotegida, daí que muitos foram forçados a fugir para a sede do distrito de Mueda.

“Na terça-feira entraram em Mandimba, e atacaram a posição militar, e dois militares morreram no local. Há também muitos militares feridos, primeiro foram levados para hospital de Nangade e depois transferidos para o hospital de Mueda”, precisou um morador local.

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Várias fontes locais relatam ataques frequentes insurgentes ao distrito de Nangade nos últimos dias, mesmo depois do reforço militar naquela região, que fica entre os distritos de Mueda e Palma, o distrito dos megaprojetos bilionários de gás natural.

“Os militares e os guarda fronteiras que estavam em Mandimba foram levados todos para a vila sede de Nangade, mesmo a população fugiu toda”, disse outro morador na vila de Nangade, na condição de anonimato.

“Depois dos confrontos, os militares sofreram emboscada com o mesmo grupo, que furou pneus dos blindados, e tiveram o socorro de outro grupo de militares que fazia operações numa zona próxima”, acrescentou.

O novo incidente ocorre numa altura em que o Ministro da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume, garantiu numa entrevista a Chatham House, publicada nesta quarta-feira, 6, que a situação de modo geral em Cabo Delgado "está calma e mais estável” neste momento, se comparado a outros anos e antes da intervenção de outros parceiros militares.

A VOA contactou a Polícia da República de Moçambique em Pemba para reacções, mas até agora não houve qualquer resposta.

Uma equipa da VOA esteve recentemente no distrito de Quissanga e constatou que a vila, à semelhança de outras vilas atacadas e tomadas pelos insurgentes em 2020, continuava vazia, apesar de timidamente estar a receber um reduzido número da população que regressa de forma voluntária.