Moradores regressam às suas aldeias em Manica

Regresso à casa

Celebram pausa no conflito moçambicano

Milhares de moradores de várias aldeias, que se tinham tornado desertas na sequência do conflito político-militar entre o Governo e a Renamo, começaram a retornar às zonas de origem na província moçambicana de Manica.

Várias aldeias, sobretudo no distrito de Mossurize e Báruè, ficaram completamente abandonadas depois do início dos conflitos.

“Já não há mais guerra, então regressei com a minha família, porque aqui conseguia fazer negócios (venda de maçaroca para viajantes) para o nosso sustento”, disse Elisa Roque, moradora de Nhamatema (Báruè), região largamente afectada pela guerra, onde também começaram a reabrir tradicionais estações de venda de mel e carvão vegetal.

Moçambicanos regressam às suas casas em Manica

“Tínhamos fugido para Catandica, na casa de um familiar, e só estávamos à espera de tudo acabar para regressar, muitos continuam a vir para cá porque já não há guerra”, revelou Estevão Ndinda, morador de Honde (Báruè), o epicentro da reedição em 2016 do conflito militar entre as partes, e severamente fustigada pela situação.

Ndinda lembra que fugiu da casa numa madrugada sem roupas no corpo e só se apercebeu que estava nu ao amanhecer numa mata com a sua família, de onde saíram a pé até chegar a Catandica.

Em Chiuala, o centro dos ataques atribuídos pela polícia a homens armados da Renamo junto à N7, a estrada que liga Manica a Tete e para o exterior uma aldeia ocupada pelas forças governamentais para aquartelamento voltou a receber os moradores que reativaram o comércio.

Campos voltam a produzir

“Primeiro começamos a vender mangas, mesmo com as escoltas de carros, mas agora a situação melhorou ainda e muitos já estão a voltar para casa, porque já não há guerra”, precisou um comerciante local, sustentando que os militares que tinham ocupado a aldeia retiraram-se, tendo ficado apenas um grupo de vigilância.

Moçambique vive o último período da trégua de 60 dias decretada pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, em Janeiro, para dar espaço as negociações de paz entre o Governo e o seu partido e que termina a 4 de Março.

Apesar de ainda não serem conhecidos avanços concretos, foram anunciados este mês pelas partes grupos de trabalho para preparar a nova fase do diálogo para os assuntos da descentralização e militar.